Oposição não quer Musharraf Presidente, "com ou sem farda"
O líder paquistanês remodelou as Forças Armadas, colocando figuras leais em postos-chave,
antes de abdicar do comando militar
a Cerca de um milhar de activistas da oposição paquistanesa concentrou-se ontem junto ao Supremo Tribunal em Islamabad, para condenar a decisão do Presidente, Pervez Musharraf, de se recandidatar a um terceiro mandato nas eleições de 6 de Outubro. A manifestação ocorreu um dia depois de o chefe de Estado ter procedido a uma remodelação do Exército, colocando em postos-chave figuras leais, antes de despir a farda de general."Vai-te embora Musharraf", gritaram os manifestantes, militantes de vários partidos, enquanto transportavam um caixão "simbolizando o que esperam vir a ser a morte do líder militar", relatou a agência Reuters.
A oposição há muito que exigia a Musharraf o abandono do comando das Forças Armadas, caso se recandidatasse, mas muitos nem sequer aceitam que ele se mantenha como civil na presidêncial. "De uniforme ou sem uniforme, Musharraf é inaceitável, é inconstitucional. Vamos acabar com a sua eleição", disse à multidão Hafiz Hussain Ahmed, líder de uma aliança de partidos islamistas.
O líder paquistanês vai tentar obter um novo mandato através dos votos de um colégio eleitoral composto por membros das duas câmaras do Parlamento nacional e de quatro assembleias provinciais.
A 15 de Janeiro de 2008 vão realizar-se também eleições gerais. Uma aliança de várias formações políticas da oposição, que não inclui a maior de todas - o Partido do Povo Paquistanês, da antiga primeira-ministra Benazir Bhutto - anunciou já que, no próximo dia 29, todos os seus membros se vão demitir das assembleias nacional e provinciais.
A senhora Bhutto, que tem mantido conversações sobre partilha do poder com Musharraf, admitiu que os membros do seu partido também poderão abandonar os seus lugares nas assembleias, se o general Presidente, grande aliado dos EUA, não adoptar medidas para "restaurar a democracia" no país.
Um boicote dos opositores não anularia a votação presidencial, observou a Reuters, mas decerto que "retiraria legitimidade" a Musharraf. Por enquanto, mais nenhum outro destacado político manifestou intenção de concorrer à chefia do Estado.