UE lamenta morte do "melhor economista de França"
O ex-primeiro-ministro Raymond Barre faleceu
no hospital parisiense
onde há mais de três meses
se encontrava em coma
a A Comissão Europeia manifestou ontem a sua tristeza pela morte do antigo primeiro-ministro francês Raymond Barre, que nasceu na ilha da Reunião (oceano Índico) em 12 de Abril de 1924 e serviu o Presidente Valéry Giscard d"Estaing de 1976 a 1981. Vice-presidente da Comissão de 1967 a 1973, encarregado dos assuntos económicos e financeiros, "demonstrou um espírito visionário, elaborando em 1969 um plano de coordenação que prefigurava a União Económica e Monetária e o euro", sublinhou em comunicado o grupo presidido por Durão Barroso."Desejo recordar o grande contributo de Raymond Barre para a construção europeia", disse o antigo primeiro-ministro português, enquanto a imprensa gaulesa contava o percurso daquele a quem Giscard chamou "o melhor economista de França", quando o escolheu para substituir Jacques Chirac.
Foi a ele que coube gerir as consequências do primeiro choque petrolífero e a tendência para o desemprego em massa, recordava o Libération, ao noticiar a morte no hospital militar de Val-de-Grâce, em Paris, do político que em 1988 foi candidato presidencial e se ficou pelos 16,5 por cento dos votos expressos na primeira volta. Atrás de François Mitterrand e de Chirac.
Retirado em 2002
Sempre o consideraram de centro-direita, próximo da União para a Democracia Francesa (UDF), que tem actualmente como presidente François Bayrou (18,75 por cento na primeira volta das presidenciais da Primavera, que acabariam por ser decididas entre Nicolas Sarkozy e Ségolène Royal). Mas nunca chegou a militar em qualquer partido, tendo-se retirado da política em 2002.
De 1995 a 2001 foi presidente do município de Lyon, o terceiro da França, depois de Paris e Marselha. Mas nunca pretendeu agradar a ninguém e foi diversas vezes acusado de antisemitismo, tendo em Março último dito na emissora France Culture que era vítima do "lobby judaico, capaz de montar operações indignas".
Chegou a defender Maurice Papon, símbolo de colaboração francesa com os nazis, e Bruno Gollnish, eurodeputado da Frente Nacional inserido na corrente que nega a amplitude do genocídio de judeus durante a II Guerra Mundial. Em Abril último fora hospitalizado de urgência no Mónaco, devido a problemas cardíacos, e daí transferido de helicóptero para o hospital de Val-de-Grâce. Em Maio foi colocado em coma artificial.