Cem médicos uruguaios contratados para as VMER
a Correia de Campos quer ter a reforma das urgências concluída no primeiro semestre do próximo ano.Os críticos dizem que a reforma das urgências arrancou ao contrário. Não há ainda serviços de urgência básicos (centros de saúde requalificados), não foi reforçado o transporte pré-hospitalar e estão a encerrar-se SAP (serviços de atendimento permanente) e urgências.
Estamos a criar serviços de urgência básicos.
Mas ainda não estão a funcionar.
Não estão a funcionar com dois médicos, mas com um médico.
Isso é um SAP, não é uma urgência básica...
Ainda não estão a funcionar como urgência básica. Só se transforma em SUB quando tem dois médicos, dois enfermeiros e meios de diagnóstico.
Quando é que acha que a nova rede nacional de urgências vai estar completa e a funcionar?
Quero ter o processo concluído no primeiro semestre de 2008. Em 15 hospitais [cujas urgências vão fechar] celebrámos acordos com 11 [autarquias onde se localizam as unidades de saúde]. Falta a Régua, São João da Madeira, Anadia e Peniche. Estamos em conversações. Quando se assina um protocolo, não quer dizer que a urgência encerre imediatamente, há calendários de substituição e criação de alternativas.
Mas a reforma está atrasada. Por exemplo, no caso do Centro de Saúde de Odemira, que já devia ser uma urgência básica.
O Centro de Saúde de Odemira está reforçado com uma ambulância desde 16 de Julho, com um médico, um enfermeiro e um técnico auxiliar de emergência. E o facto de ter tido apenas duas saídas desde então não significa que não deva lá estar. É o embrião da SIV [viatura de suporte intermédio de vida, com enfermeiro e tripulante] e estamos a fazer o recrutamento para que as outras SIV do Alentejo possam ser instaladas.
Tinha dito que ia começar a funcionar na região até ao final de Junho. O que é que está a correr mal?
A parte dos recursos humanos é mais difícil. De 12 enfermeiras seleccionadas, nove não passaram no exame de condução. Também não são exames de condução normais. Nesta matéria o Instituto Nacional de Emergência Médica tem feito um esforço enorme. Entre 2004-06 o atendimento no 112 cresceu mais de 35 por cento, as saídas das viaturas médicas de emergência e reanimação [VMER] mais 27 por cento. E o número de VMER em Março deste ano atingiu 37, quando eram 29 em 2004.
Mas uma parte delas estão inoperacionais grande parte do tempo....
Alguma parte do dia, porque uma VMER precisa de 12 médicos.
Então como se pode resolver o problema?
Havendo mais médicos nos primeiros anos de Medicina. Neste momento há 1350 que entram nas faculdades por ano. A minha meta e a do senhor ministro da Ciência é chegar a 2000. Mas vamos ter que procurar outra solução neste período de transição, porque estamos com medo da crise demográfica dos médicos em 2012/2013. Provavelmente vamos ter que os ir buscar ao estrangeiro. Estamos em negociações para arranjar médicos para as VMER.
Com quem?
Com o Uruguai.
Uruguai? Porquê?
O Uruguai é a Suíça da América do Sul, tem uma única escola médica, o que garante qualidade, uma ministra da Saúde sensível ao problema, médicos em excesso. Ao mesmo tempo, iremos formar para o Uruguai médicos de alta diferenciação, através de um protocolo entre os dois governos.
Quantos médicos estão a pensar contratar?
Para já 100. Já temos o currículo, é preciso que haja uma faculdade de Medicina [em Portugal] que entenda que é semelhante ao nosso. Após esse reconhecimento, é necessário que a Ordem dos Médicos conceda autorização; caso contrário, só podem trabalhar sob a tutela de médicos portugueses.
A meta é a de que os alunos que entram nas faculdades de Medicina em cada ano passem dos actuais 1350 para 2000