Mais de 200 pessoas participaram na II marcha LGBT do Porto

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Durante a marcha foram defendidos os mesmos direitos e deveres para o casamento entre gays e lésbicas Enric Vives-Rubio/PÚBLICO (arquivo)

Numa marcha com bandeiras arco-íris, reconhecidas como símbolo do movimento gay, os manifestantes iniciaram o seu percurso na Praça da República cerca das 16h00.

Catarina Príncipe, da comissão organizadora, afirmou aos jornalistas que "não é a mesma coisa organizar uma marcha no Porto ou em Lisboa", sendo que na primeira "é muito mais difícil" a aceitação do movimento LGBT. "Há já uma abertura maior em Lisboa", disse, acrescentando que "no Porto ainda são precisas máscaras".

Alguns dos manifestantes usavam uma máscara a tapar o rosto, o que, para a organizadora, demonstra tratar-se de "gente que quer estar presente, mas que por alguma razão não pode dar a cara".

A marcha contou com a presença de elementos da Juventude Socialista, do Bloco de Esquerda e do Partido Humanista. João Teixeira Lopes, dirigente do Bloco, afirmou estar presente na marcha em "solidariedade" para com o movimento LGBT. "Portugal é um país onde existe muito medo, onde as pessoas não conseguem ser no espaço público aquilo que são por medo", lamentou o bloquista. Para João Teixeira Lopes, o grande objectivo é conseguir que, "um dia, seja possível realizar uma manifestação destas sem máscaras". O bloquista defendeu ainda a aprovação de uma lei anti-ódio, que "impeça a discriminação, a opressão".

Nas faixas presentes na marcha liam-se frases como "Casamento civil para gays e lésbicas: mesmos deveres, mesmos direitos" e "Igualdade, aqui e agora!", entre outras frases. Alguns dos participantes tinham penduradas ao peito umas cartolinas onde se lia "Não uso máscara, mas os meus pais usam", "Transfobia é doença" e Lei de identidade do género".

A marcha terminou junto ao edifício dos Paços do Concelho, na baixa da cidade, onde foi lido um manifesto, no qual o movimento LGBT refere que "a orientação sexual é a única das categorias enquadradas no Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos que em Portugal ainda gera discriminação na própria lei". "É fundamental que haja medidas que marquem uma verdadeira mudança de atitude do Estado Português face às pessoas LGBT - e que a homofobia deixe finalmente de estar consagrada na lei", acrescenta o manifesto.

O documento salienta também que Portugal é, desde 2004, "o único país europeu cuja Constituição proíbe explicitamente a discriminação com base na orientação sexual", acrescentando ser com base no mesmo princípio que o movimento reclama este ano o fim da discriminação no acesso ao casamento civil.

"Portugal, que assume a presidência da União Europeia no segundo semestre do Ano Europeu de Igualdade de Oportunidades para Todos ainda não é um país decente", conclui o manifesto.