Lares de terceira idade tendem a resistir ao namoro entre idosos, revela estudo da Universidade de Aveiro
a Algumas das maiores dificuldades sentidas pelos idosos no desenvolvimento de novas relações de intimidade em ambiente institucional partem dos próprios profissionais e companheiros residentes dos lares de terceira idade. A conclusão foi retirada de um estudo de investigação realizado por três alunos finalistas do curso de Gerontologia da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro, no qual salta ainda à vista o incentivo que é dado pela família às novas relações, apesar de alguma resistência inicial. "Existem constrangimentos institucionais às novas relações de intimidade por parte dos idosos e uma pressão para que a relação seja oficializada, em virtude de o namoro não ser tão bem visto", realça Susana Ribas, uma das investigadoras responsáveis pelo estudo, juntamente com Cátia Pires e Pedro Terroso.
A investigação aponta, assim, para a existência de "alguma ambiguidade" no apoio institucional oferecido aos casais de idosos: apesar de se verificar uma aceitação e incentivo ao casal, é também exercida alguma influência para que estes oficializem a relação, "de acordo com cânones de um casamento formal", opção que não é a mais valorizada por parte dos casais de idosos, por um motivo: "Ao casarem, eles perdem as pensões de viuvez, que são muito importantes para eles", argumenta Susana Ribas.
Os próprios familiares também são mais favoráveis à "relação informal", nota o estudo que pretendeu conhecer a percepção dos mais velhos sobre as principais dificuldades e apoios sentidos no estabelecimento de novas relações em ambiente institucional - e cujo cartaz acaba de ser premiado no II Congresso Português de Avaliação e Intervenção Social.
A investigação, que partiu de um focus group de três casais de idosos que iniciaram a relação após terem integrado o lar de terceira idade (em IPSS do distrito de Aveiro), permitiu ainda apurar que uma das principais motivações para o estabelecimento destas novas relações reside "na procura de satisfação de necessidades afectivas, incitada por sentimentos de solidão e compaixão".
Entre as dificuldades sentidas no desenvolvimento das novas relações de intimidade contam-se ainda as resistências iniciais dos próprios idosos, "por causa dos valores morais e sociais que lhes foram incutindo ao longo da vida", explica Susana Ribas. Igualmente referenciadas, embora com menos expressão, são "as dificuldades provenientes das condições de saúde dos próprios idosos".