Estudo britânico diz que pessoas magras podem ser gordas por dentro
Desde 1994, Jimmy Bell, professor de imagiologia molecular no Imperial College em Londres, e a sua equipa examinaram perto de 800 pessoas através de ressonâncias magnéticas para descobrir onde armazenam a sua gordura.
De acordo com os dados recolhidos, as pessoas que mantêm o seu peso através de dieta em vez de exercício parecem ter maiores depósitos de gordura interna, mesmo que outrora tenham sido magros.
Esta gordura interna que circunda os órgãos vitais - como o coração, fígado ou pâncreas -, pode ser tão perigosa quanto a gordura externa que se aloja por baixo da pele, consideraram os investigadores.
"Todo o conceito de ser magro necessita de ser redefinido", disse Bell que considerou que, sem um claro sinal de alarme, as pessoas estão falsamente sossegadas ao pensarem que por não terem excesso de peso são saudáveis.
"Só porque são magros, isso não os torna imunes à diabetes nem a outros factores de risco para doenças cardíacas", indicou Louis Teichholz, chefe de cardiologia no Hackensack Hospital, Nova Jersey.
Mesmo pessoas com indicadores normais de massa corporal - a medida padrão divide o peso pela altura ao quadrado - podem ter surpreendentes níveis de gordura armazenados internamente.
Segundo a equipa de Bell, 45 por cento das mulheres examinadas que tinham indicadores normais de massa corporal têm na realidade níveis excessivos de gordura interna.
Em relação aos homens, a percentagem de homens com excesso de gordura num corpo com indicadores normais ronda os 60 por cento.
De acordo com o investigador, pessoas que têm gordura armazenada internamente estão no limiar de serem obesas. São pessoas que comem alimentos muito gordurosos e açucarados e fazem pouco exercício, mas que não comem o suficiente para serem obesas.
Cientistas acreditam que acumulamos naturalmente gordura à volta da barriga, mas, até certo ponto, o corpo pode começar a armazená-la em qualquer parte.
Os médicos estão inseguros relativamente aos verdadeiros perigos da gordura interna, mas alguns suspeitam que contribui para o risco de doenças cardíacas e diabetes.
Os médicos teorizam também que a gordura interna desfaz os sistemas de comunicação corporais pois, ao alojar-se ao redor dos órgãos internos, pode enviar ao corpo errados sinais químicos para armazenar a gordura em órgãos como o pâncreas ou o fígado.
Porém, e de acordo com Steven Blair, perito em obesidade, "pessoas com peso normal que são sedentárias apresentam um maior risco de mortalidade do que pessoas obesas que são activas".
A boa notícia é que a gordura interna pode ser facilmente queimada através de exercício ou de dieta equilibrada.