Do mar podem vir novos fármacos
E se lhe dissessem que o primeiro medicamento contra o vírus da sida, na década de 80, veio do mar? Acredite, que é verdade. O AZT, ou zidovudina, veio de uma esponja marinha das Caraíbas, a Tethya crypta. E o desejo dos cientistas é que do mar venham muitas mais moléculas capazes de vencer doenças como o cancro ou infecções por vírus e bactérias. Detentoras de moléculas raras na natureza, que repelem qualquer predador mais afoito, as lesmas-do-mar estão entre os candidatos ideais para essa procura.
Pode até não faltar muito para que algumas das suas moléculas cheguem ao mercado. A empresa PharmaMar, em Madrid, está a testar dois compostos contra o cancro, por exemplo.
Da Elysia rufescens, uma lesma das águas do Havai, a empresa derivou já o Kahalalido F, que induz a morte celular. O problema das células cancerosas é continuarem a dividir-se de forma descontrolada, em vez de morrerem ao fim de um certo número de divisões. O Kahalalido F encontra-se em fase de ensaios clínicos destinados a avaliar a sua eficácia em humanos, lê-se na página na Internet da PharmaMar.
A lesma Jorunna funebris, dos mares do Sul da Índia, forneceu a jorumicina, substância com actividade contra tumores da mama, gástricos, da próstata e do sangue. Encontra-se em ensaios clínicos de avaliação da segurança e de determinação dose a aplicar em humanos. T.F.