No passado 29 de Abril de 1727
Dos Estados Unidos ao Japão, da Austrália a Portugal. Um pouco por todo o mundo, há aspirantes a bailarinos que fazem exercícios na barra, estrelas que se preparam para uma noite de êxito com um dos bailados do reportório clássico, coreógrafos que fazem as últimas alterações num dueto que estão prestes a estrear. Hoje é Dia Mundial da Dança e isso sente-se. A data escolhida coincide com a do nascimento de um dos seus maiores revolucionários, o bailarino e mestre de ballet Jean-Georges Noverre, o criador do ballet d"action (dito em francês, como convém ao ballet). Mas afinal, em que consistia a revolução de Noverre? O que este mestre que trabalhou para grandes teatros e monarcas europeus pretendia era afastar a dança do movimento pelo movimento. Noverre queria que o ballet revelasse técnica e a expressividade do corpo, queria que ele fosse capaz de contar uma história, de imitar a vida, como o teatro. Os seus trabalhos, muitas vezes inspirados em temas da Antiguidade Clássica - La Toilette de Vénus ou Le Jugement de Pâris - foram os percursores dos bailados narrativos do século XIX. Autor de textos fundamentais sobre a arte do ballet (Cartas sobre a Dança), Noverre trabalhou em Berlim, Viena, Paris e Londres desde a sua primeira criação, Les Fêtes Chinoises. Amigo de Mozart e Voltaire, defendeu sempre que a técnica é para transgredir sempre que não se adapta aos movimentos
da alma. L.C.