Árvores e Florestas de Portugal
Uma viagem ao passado, feita de textos mas sobretudo das imagens que marcaram a história florestas portuguesa, é a proposta de Floresta Portuguesa - Imagens dos Tempos Idos. Iniciativa do PÚBLICO, em parceria com a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e a Liga para a Protecção da Natureza, a colecção é composta por nove livros, redigidos por mais de 80 especialistas portugueses,
e constituiu o maior projecto editorial realizado sobre a floresta em Portugal.
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a A floresta portuguesa tem características que a distinguem dos espaços florestais do Centro e Norte da Europa. Um dos aspectos que lhe dão o carácter verdadeiramente único prende-se com o facto de, contrariando a imagem romântica da floresta como um local que permanece intacto ao longo do anos, estar em permanente mutação. "A floresta do nosso imaginário é estática, é a floresta em que os carvalhos duram séculos, em que as paisagens que existem hoje são aquelas que os nossos avós já viram, é a floresta tradicional que assistiu ao passar dos tempos. Em Portugal passa-se exactamente o contrário", afirma Joaquim Sande Silva, coordenador da colecção Árvores e Florestas de Portugal. "Tudo mudou, e de tal forma, que temos alguma dificuldade em encontrar testemunhos intactos do passado, para lá de três ou quatro décadas, numa boa parte das áreas de ocupação florestal do nosso país, sobretudo a Norte do Tejo", acrescenta aquele especialista.Para compreender o presente é, no entanto, fundamental conhecer o passado. Floresta Portuguesa - Imagens dos Tempos Idos é pois um convite para uma viagem no tempo, uma viagem ao passado feita de textos mas sobretudo de raras e preciosas imagens.
José Neiva Vieira, engenheiro silvicultor autor dos textos deste primeiro livro, recolheu ao longo dos anos inúmeras fotografias que testemunham o trabalho realizado nas florestas e matas portuguesas sobretudo no período correspondente às décadas iniciais do século XX.
A jornada proposta por José Neiva Vieira começa, contudo, bem mais cedo, na zona de Leiria. Estamos nos finais do século XIII e D. Dinis, rei e trovador, impulsiona o crescimento do Pinhal de Leiria através das grandes sementeiras de pinheiro-bravo. Um dos objectivos do monarca era conseguir fixar as dunas, evitando o avanço da areia. Seria também com este intuito que, já no século XIX, seriam levados a cabo intensos esforços de arborização das dunas do litoral. Floresta Portuguesa - Imagens dos Tempos Idos revela os métodos utilizados no trabalho de arborização, mas também os rostos dos homens e mulheres que ajudaram a mudar a paisagem florestal portuguesa.
O livro é também uma oportunidade para conhecer melhor actividades ligadas à exploração de recursos florestais como a extracção de cortiça e de resina. Trata-se de um testemunho vivo de uma realidade não muito distante e de um retrato de quem a viveu, de tal forma que os temas tratados interessarão não só aos apaixonados pela floresta, mas a todos os que se interessam pelo passado social, cultural e económico do seu país.
"O interesse das imagens que aqui são apresentadas transcende o âmbito florestal já que essas imagens ilustram toda uma série de outros aspectos ligados à realidade portuguesa. Por outro lado, são aspectos que tocam as raízes, mais ou menos remotas, de quase todos nós, na medida em que quase todos temos ligações familiares com o mundo rural e com a floresta", conclui Joaquim Sande Silva.