Os prémios de Siza
O arquitecto ganhou um Pritzker em 1992
Este é o terceiro Prémio Secil que Álvaro Siza Vieira recebe. O primeiro foi em 1996 pelo edifício Castro & Melo, em Lisboa, e o segundo foi em 2000 pela Faculdade das Ciencias da Informatión, em Santiago de Compostela. Em 1992, o arquitecto nascido em 1933 em Matosinhos, tinha já recebido o Prémio Pritzker, a mais importante distinção mundial na área da arquitectura. O Prémio Secil é dado de dois em dois anos e em 2004 foi atribuído a Eduardo Souto de Moura pelo Estádio Municipal de Braga.
a "Movemo-nos, os arquitectos, entre louvores e insultos, críticas ou indiferença. Não admira", disse ontem o arquitecto Álvaro Siza Vieira, ao receber, numa cerimónia na Cidade Universitária, em Lisboa, o seu terceiro Prémio Secil de Arquitectura, desta vez pelo complexo desportivo de Cornellà de Llobregat, perto de Barcelona. E "não admira" porque, "tratando-se de arquitectura, não é simples declarar objectivamente o que é ou não "qualidade"".
O júri do Prémio Secil não teve, no entanto, qualquer dificuldade em reconhecer a qualidade no complexo feito por Siza, escolhido por unanimidade entre as onze obras nomeadas: o Centro de Artes da Calheta - Casa das Mudas, na Madeira (de Paulo David), o Teatro Municipal de Almada (Manuel Graça Dias), o Teatro Municipal da Guarda (Carlos Veloso), o Centro de Artes de Sines (Manuel e Francisco Aires Mateus), a Unidade Industrial da Inapal Plásticos (Francisco Vieira de Campos), a Biblioteca Municipal de Tavira (João Luís Carrilho da Graça), a requalificação da zona envolvente do Mosteiro de Alcobaça (Gonçalo Byrne e João Pedro Falcão de Campos), uma casa em Azeitão (Miguel Beleza e José Martinez) e dois outros projectos de Siza, o Centro de Estudos Camilianos, de Vila Nova de Famalicão, e os Terraços de Bragança, no Chiado.
Ao arquitecto, o prémio, confessou ontem, provoca "a um tempo alegria e distanciamento": a primeira "por saber que outros valorizam um projecto em que trabalhei intensamente" com "uma equipa de grande qualidade"; e o segundo porque "não me deslumbro com o que considero, também e sempre, resultado de circunstâncias particulares que, neste caso, me foram favoráveis".
Apesar da modéstia de Siza, a noite foi de elogios ao seu trabalho. Ambiente que a presidente da Ordem dos Arquitectos, Helena Roseta, aproveitou para interpelar os responsáveis políticos: "Como é possível que num país em que a arquitectura atingiu este nível de excelência, este recurso seja sistematicamente esquecido nas políticas públicas? Portugal parece não ter ainda acordado para a importância estratégica que a arquitectura pode ter".