Painéis para águas crescem, mas pouco
a Instalar painéis solares para aquecer a água é bem mais simples e mais barato do que aproveitar o Sol para produzir electricidade. Mas, ainda assim, Portugal está longe da meta que pretendia atingir com o Programa Água Quente Solar, um roteiro traçado em 2001, mas que segue com grande atraso.A ideia era atingir um milhão de metros quadrados de painéis solares térmicos no país até 2010. Para isso, em cada ano tinham de ser instalados cerca de 150 mil metros quadrados. A três anos da meta, o ritmo actual é cerca de cinco vezes menor.
O mercado, apesar de tudo, tem crescido. Quando o Programa Água Quente Solar foi lançado, instalavam-se cinco mil metros quadrados por ano de painéis por ano. Em 2004, este número tinha subido para 16 mil metros quadrados. Em 2005, galgou para os 20 mil metros quadrados.
Sobre o ano passado, não há ainda números definitivos. "Parece que houve um aumento substancial", afirma o especialista em energia solar João Farinha Mendes, do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI). Segundo Farinha Mendes, o aumento no preço dos combustíveis está a influenciar esta subida. Um painel solar reduz substancialmente o consumo de gás. E o investimento - cerca de três mil euros por um equipamento para uma família - recupera-se em meia dúzia de anos.
A esperança de um empurrão maior reside, agora, nas novas regras de construção, que entraram em vigor no ano passado. Todos os edifícios novos têm de estar dotados de painéis solares para aquecimento de água, desde que possuam partes do telhado orientadas para o quadrante sul. O mesmo vale para prédios alvo de obras de reabilitação.
Resta o enorme parque habitacional já construído. Neste caso, segundo Farinha Mendes, a iniciativa pode caber aos cidadãos. "As pessoas têm é de ser convencidas", afirma.
Não é tarefa fácil, nem para especialistas na área. Manuel Collares Pereira, investigador em energia solar do Instituto Superior Técnico, conseguiu a muito custo instalar um sistema de painéis solares no seu edifício, no Paço do Lumiar, em Lisboa.
"Levou quase dois anos a convencer os outros condóminos", afirma. Mas depois que o sistema começou a funcionar e a dar resultados, os seus vizinhos, satisfeitos, não falavam de outra coisa.
Portugal está atrás de 14 outros países europeus na instalação de painéis solares térmicos. Os 16 mil metros quadrados de 2005 são uma migalha perante o que foi instalado na Alemanha (980 mil metros quadrados), Áustria (240 mil), Grécia (220 mil), França (164 mil) ou Espanha (107 mil).
O presidente da Sociedade Portuguesa de Energia Solar, Kenneth Nunes, ainda acredita na meta de um milhão de metros quadrados, "mas num prazo que não é 2010".
Mas, mesmo que atingida, a meta significa pouco: representa apenas sete por cento do potencial do país, segundo o Programa Água Quente Solar.
Portugal, apesar das suas boas condições, está atrás de 14 países europeus no ritmo de instalação de painéis solares