Renault altera modelo de trabalho após suicídio de três funcionários
Fabricante francês
de automóveis vai contratar 110 novos funcionários
para diminuir a pressão sobre os trabalhadores
a A Renault foi forçada a melhorar as condições de trabalho no seu centro de engenharia de Guyancourt, arredores de Paris, depois de três funcionários se terem suicidado, em apenas quatro meses. As mortes evidenciaram problemas de stress e sobrecarga de trabalho e o fabricante de automóvel francês anunciou agora que vai contratar mais 110 empregados até 2008, propondo-se ainda fomentar "o diálogo e o apoio" entre os funcionários. Em dois anos, este centro da Renault somou cinco tentativas de suicídios, das quais uma falhou. Os três suicídios mais recentes ocorreram entre 20 de Outubro de 2006 e 16 de Fevereiro último. Um engenheiro e dois técnicos, entre os 38 e os 44 anos de idade, puseram termo à vida. Um atirou-se de uma janela do quinto piso, outro afogou-se num lago próximo da fábrica e um terceiro enforcou-se em casa. Na carta de despedida, um deles falava de conflitos familiares e também de problemas relacionados com sobrecarga de trabalho.
Face ao sucedido, a direcção da empresa e os sindicatos procuram agora perceber como acautelar os problemas no local de trabalho, numa preocupação que já alastrou a outras fábricas de outras marcas de automóveis.
Sindicato já tinha alertado
No centro de engenharia de Guyancourt - que soma 12 mil trabalhadores -, os sindicalistas citados pelo jornal espanhol El País declaram que há algum tempo vinham criticando a existência do que qualificam como "gestão quase militar", que desvincula os trabalhadores da tomada de decisões, a par da desregulação dos horários de trabalho e do facto de a informática ter isolado os trabalhadores, acabando com o trabalho de equipa.
O conselheiro-delegado da Renault, Carlos Ghosn, tinha ignorado os alertas, mas viu-se agora forçado a rever as condições de trabalho daquele centro.
Em Fevereiro, a actual direcção tinha-se proposto produzir 26 novos modelos até 2009, sendo que os sindicalistas citados pelo diário espanhol declararam que tal meta criou uma pressão suplementar entre os trabalhadores.
Num ano, a Renault desceu de 25 para 22 por cento a sua quota de mercado, tendo o volume global de negócios retrocedido 0,8 por cento. A direcção insiste em prosseguir com os esforços de relançamento da marca, e, além do reforço do número de funcionários, decidiu tomar medidas que facilitem o diálogo e o apoio entre colegas.
22%
é o valor da quota de mercado da Renault em 2006, menos que os 25 por cento de quota registados em 2005
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