O caça-talentos que entrou como um meteorito na PT
O maior investidor individual da PT é o herdeiro mais mediático da família que fundou a Sociedade Nacional de Sabões, a SNS
a Foi um dos homens mais fotografados da OPA das telecomunicações. Irrompeu como um meteorito a meio da operação bolsista. De surpresa. Hoje é o rosto da Ongoing, o maior investidor particular da PT, onde já investiu 600 milhões de euros. Chama-se Nuno Rocha dos Santos de Almeida e Vasconcelos, nasceu em Lisboa há 42 anos. É casado com uma ex-gestora de activos do BPI e tem duas filhas de onze e três anos. Vive na Quinta Patino, em Cascais, e gosta de carros. Descendente de cinco gerações de industriais, é o rosto dos herdeiros da família Rocha dos Santos, fundadora da Sociedade Nacional de Sabões (SNS), detentora das marcas Palmolive, Sonasol, Fula, Pastor ou graxa Splendor.
Há pouco mais de sete meses subiu ao clube dos mediáticos investidores da PT. A oportunidade surgiu com a OPA e Nuno agarrou-a. Com os recursos financeiros necessários, aproveitou um momento de fragilidade da operadora para adquirir uma posição de referência numa das empresas mais importantes e com grande exposição internacional. Garante que não pediu dinheiro ao BES e que, ao contrário de Henrique Granadeiro que conhece há mais de 20 anos, se encontrou pela primeira vez com Ricardo Salgado em 2006, para o informar que tinha investido 20 milhões de euros na Espírito Santo Financial Group (ESFG). Uma decisão que o iria sujeitar ao striptease dos meios de comunicação.
O negócio passou despercebido, pois foi anunciado em cima do lançamento da OPA da Sonae. A Ongoing é detida em 99,9 por cento por Isabel Rocha dos Santos, mãe de Nuno, filha única de João Rocha dos Santos, grande investidor da SNS. Este grupo foi criado em 1919 por um trisavô. João, o seu "maior amigo", viria a deixar ao único neto varão uma fatia importante do património. Já depois da sua morte, em 1989, Nuno entregou a herança a Isabel. Porquê? "Pertencia à minha mãe". E, evidencia, que não teria como explicar às duas irmãs porque era mais rico do que elas.
Em 1991, vendem as acções da SNS, grupo que se manterá sob controlo da família Marques dos Santos (Beirão da Veiga), e cujos descendentes se envolveram numa disputa judicial. Em 1995, a SNS entra em falência.
Para muitos, a sua presença emergente na PT continua a ser um mistério. Mas Nuno sonha desde adolescente reconstruir o grupo familiar, o que sustentou a sua formação académica e profissional. A revolução está ao rubro quando aos 11 anos deixou Portugal para frequentar um internato na Bélgica. Aos 16 anos, partiu para os EUA para ingressar na Academia Militar de Atlanta, onde conclui três anos de liceu, em apenas 18 meses.
Em 1983 estava de volta a Lisboa para trabalhar na VASP [distribuidora ligada a Balsemão] com a função de contar as sobras dos jornais e de ajudar na contabilidade. Regressou no ano seguinte aos EUA e rumou a Boston para tirar gestão de empresas, no Curry College. Com o diploma na mão, o jovem viaja até Portugal e ficaa trabalhar na Andersen Consulting.
Em 1997 criou com o espanhol Rafael Mora a Heidrick & Struggles para "caçar" talentos. A consultora, que nos últimos sete anos trabalhou para a PT, é alvo de polémica, por estar envolvida em projectos do Ministério das Obras Públicas. Mário Lino contratou a consultora para trabalhar com as grandes empresas do Estado: TAP, CTT, CP, Carris.
O projecto de se afirmar como empresário arrancou em 2005 quando lançou a Ongoing, para juntar os negócios da família materna - imobiliário, Impresa, recuperação de crédito, posições na bolsa e fundos de private equity - que incluem a PT e a ESFG.
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é quanto pesa a posição detida actualmente por Nuno Vasconcelos no capital da operadora de telecomunicações
É quanto pesa a posição detida actualmente por Nuno Vasconcelos no capital da operadora de telecomunicações
Pequeno destaque em caixa com fundo que tambem pode servir de legenda para a fotografia do lado esquerdo