Procurador-geral Alberto Gonzales recusa demitir-se como exigem os democratas
Pressões surgem na sequência do despedimento de oito responsáveis, alegadamente por motivos políticos, o que a Casa Branca desmente
a O Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, saiu ontem em defesa do seu procurador-geral (equivalente a ministro da Justiça), Alberto Gonzales, cuja demissão tem vindo a ser reclamada na sequência do controverso despedimento de oito procuradores federais alegadamente por motivos políticos. "Estes responsáveis servem o Presidente. O seu despedimento é um direito das administrações", resumiu Bush.Em conferência de imprensa, Gonzales já tinha respondido às críticas e sobretudo aos críticos que exigem a sua saída da Administração. "Ordenei uma investigação aprofundada do caso", declarou Gonzales, assumindo "todas as responsabilidades pelo processo" e afastando de imediato a hipótese de resignar ao cargo.
A polémica tem a ver com o afastamento de oito procuradores federais em Dezembro, no rescaldo das eleições intercalares para o Congresso. Segundo alegam os procuradores, a motivação para o despedimento foi a sua resistência às pressões de legisladores republicanos, que pretendiam abrir investigações judiciais sobre políticos democratas para prejudicar eleitoralmente o partido destes.
Mas tanto Bush como Gonzales contestaram a versão dos democratas de que está em curso uma "purga política" no Departamento de Justiça e consideraram os despedimentos "inteiramente justificados". "O problema tem a ver com a forma como foram prestadas explicações ao Congresso. O facto de os legisladores democratas e republicanos sentirem que a comunicação não foi honesta perturba-me, tal como perturba o procurador-geral", sublinhou Bush.
O "caso" foi levantado no decurso de um inquérito do Congresso, no âmbito do qual foi divulgada uma extensa troca de e-mails entre a conselheira da Casa Branca Harriet Miers e Kyle Sampson, o então "número dois" de Gonzales, a discutir o despedimento dos procuradores - uma correspondência que Gonzales disse desconhecer e prometeu investigar. Sampson apresentou a demissão assim que o teor dos e-mails foi divulgado.
Segundo a Administração, os despedimentos deveram-se ao "fraco desempenho" dos procuradores. A avaliação interna submetida pelos seus gabinetes contraria esta interpretação, o que levou a Casa Branca a reconhecer que a razão teria sido a recusa em seguir as "prioridades" definidas por Washington. Os 93 procuradores federais são nomeados e cumprem mandatos de quatro anos após aprovação do Congresso.