Petição contra Museu de Salazar recolhe 3500 assinaturas

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A URAP teme que o Museu de Salazar seja transformado num culto ao ditador DR

A petição começou a ser distribuída no sábado, numa sessão pública de afirmação dos ideais antifascistas e, no mesmo dia, ficou disponível no sítio da Internet www.contraofascismo.net.

"A recolha de assinaturas por este meio atingiu já 3.500 apoios em apenas quatro dias", congratula-se a URAP, que considera que "esta extraordinária adesão confirma que muitos portugueses compreendem a ameaça à democracia e à liberdade que ele [o museu] encerra".

A URAP promete prosseguir "o seu esforço de esclarecimento sobre o que está verdadeiramente em causa com o projecto do museu Salazar".

"O que os seus promotores pretendem não é um museu no sentido que todos atribuímos a estes espaços de cultura, de conhecimento e de saber. Talvez não todos, mas alguns desses promotores querem construir a 'Meca do fascismo', onde possam venerar o seu principal responsável em Portugal (Salazar) e difundir a sua ideologia criminosa", acusa.

O presidente da Câmara de Santa Comba Dão, João Lourenço, tem negado a intenção de ressuscitar o fascismo em Portugal, argumentando que se trata de "repor a história no seu devido lugar e, ao mesmo tempo, criar condições para que a economia do concelho se possa mexer".

No entanto, na opinião da URAP, organizar um espólio documental do fascismo e expor objectos pessoais de Salazar, na casa onde ele nasceu, servirá para venerá-lo.

"É disso que se trata quando pretendem organizar um tal espaço a partir da óptica de defensores do fascismo e não a partir daqueles que lhe resistiram e restituíram a liberdade aos portugueses", acrescenta.

No entender dos antifascistas, "o espólio documental dos 48 anos de fascismo em Portugal pode e deve estar disponível no Arquivo Nacional, mas jamais deve ser utilizado de forma a constituir-se como instrumento de propaganda do fascismo e dos seus responsáveis".

"Tal possibilidade, se alguma vez se concretizasse, constituiria uma afronta à Constituição da República e a todos aqueles que combateram e combatem pela liberdade", reiteram.

No passado sábado, os ânimos chegaram a estar exaltados em Santa Comba Dão, quando dezenas de jovens fazendo saudações fascistas e gritando pelo nome de Salazar tentaram chegar aos antifascistas que se concentravam para uma sessão pública de protesto contra a criação do museu.

Entretanto, o PCP acusou já um "grupelho" de várias organizações "racistas e nazi-fascistas" portuguesas de, nesse dia, terem realizado uma "contra-manifestação ilegal".

Para os comunistas de Viseu, o "duelo" sem violência física entre elementos da URAP e centenas de populares que apoiavam a autarquia, foi "instigado" por neofascistas e neonazis "de todo o país".