Berardo aceita avaliação da Christie"s mas fala em novas condições
Segundo o protocolo, o Estado tem dez anos para comprar a colecção do Museu Berardo a valor fixo
O investidor madeirense Joe Berardo acabou, afinal, por aceitar a avaliação de 316 milhões de euros que a leiloeira Christie"s fez à colecção de arte do Museu Berardo. Segundo o protocolo que deu origem ao museu, Berardo tinha até segunda-feira para recusar a avaliação, anulando, assim, o direito de preferência da compra da colecção pelo Estado.
Ainda sem uma decisão tomada, na semana passada o coleccionador entregou ao Ministério da Cultura um pedido de prorrogação do prazo de resposta. Na altura explicou ao PÚBLICO que achava baixo o valor estimado pela Christie"s.
Ontem, em Castelo Branco, a ministra Isabel Pires de Lima falou pela primeira vez sobre o pedido. "O comendador Berardo enviou quinta-feira uma carta e na sexta-feira disse-me verbalmente que retirava essa carta", explicou Pires de Lima, assinalando que o empresário aceitou a avaliação feita pela Christie"s.
Mas também ontem Berardo falou em condições não previstas no protocolo. Ao telefone da Madeira, disse que o sim à avaliação da Christie"s está sujeito ainda à sua aprovação ao orçamento a dar pelo Estado à Fundação Colecção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea. Confrontado com o facto de essa condição não surgir no protocolo que assinou com o Estado, o coleccionador disse: "O protocolo também dizia muitas coisas que já deviam ter acontecido."
O Estado, através de Pires de Lima, já declarou não ter condições para uma compra equivalente à construção de três Casas da Música. Caso a situação não se altere nos próximos dez anos, Berardo pode reaver a sua colecção - o protocolo de depósito desta no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, extingue-se em 2016. Até lá as suas 862 obras de arte moderna e contemporânea, entre as quais nomes de referência como Picasso, Andy Warhol e Francis Bacon, servem de base ao Museu Berardo, cuja data de abertura está marcada para Julho sob direcção do francês Jean-François Chougnet.
Também até 2016 o Estado está obrigado a disponibilizar 500 mil euros por ano para a compra de obras que completem este acervo - Joe Berardo disponibilizará outro tanto.