Atum está em risco de extinção, alerta WWF
Pesca excessiva e escassez de reservas estão na base do problema, dizem peritos da organização
O atum está a desaparecer dos oceanos e as suas reservas comerciais poderão extinguir-se em apenas um ano no Mediterrâneo e noutras zonas, advertiu um relatório divulgado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF).No documento, esta organização internacional pede aos governos envolvidos que adoptem medidas para evitar a extinção do atum na reunião dos Organismos Regionais para a Pesca (RFMO), que começou ontem em Kobe, no Japão.
O atum vermelho, e em especial o do Atlântico, muito usado na cozinha japonesa (no sushi e no sashimi), está a ser vítima de pesca excessiva, ao mesmo tempo que as reservas de ovas do atum vermelho do Sul do oceano Índico baixaram 90 por cento, refere a WWF.
Segundo o director do Programa Marinho desta organização, Simon Cripps, "todas as reservas de atum têm problemas", sejam as das Caraíbas ou do Mediterrâneo, do Pacífico central e oriental ou do oceano Índico.
"Muitos governos ignoram os conselhos dos cientistas, não aplicam adequadamente as medidas de gestão e conservação, fecham os olhos à pesca ilegal e não sancionam os que violam as regras", afirmou.
Cripps acusou a União Europeia, e em particular a França, de terem pressionado a Comissão Internacional para a Conservação do Atum Atlântico para aprovar uma quota de 29.500 toneladas de atum em 2007, quando o "nível máximo" deveria ser 15 mil toneladas.
Embora se trate de um problema mundial, em áreas como o Mediterrâneo "o atum poderá extinguir-se comercialmente em menos de um ano, embora possa durar mais", acrescentou, sublinhando não estar a "exagerar".
Acresce a estes problemas a pesca ilegal e não declarada, que poderá representar até um terço do total mundial e que, além de contribuir para a extinção do atum, causa graves danos a outras espécies capturadas por engano.
O valor dessa actividade ilegal, segundo estimativas da WWF, chegaria a 581 milhões de dólares. Lusa