Presidência da Câmara de Gaia tem desde ontem a sua própria "Casa Branca"

Luís Filipe Menezes inaugurou ontem a Casa da Presidência, mesmo ao lado dos paços do concelho

A casa é branca e a placa em aço inoxidável, junto ao jardim, não engana: a função é também presidencial. Mas acabam aqui quaisquer semelhanças entre o novo local de trabalho do presidente da Câmara de Gaia, ontem inaugurado, e a famosa mansão que alberga os "donos do mundo". Até porque ali, bem ao lado dos paços do concelho gaiense, Menezes e o seu staff têm "apenas" um novo local de trabalho, não havendo espaço para primeiras damas. Ainda assim, e à escala de Gaia, a antiga vivenda da família Mariani, resgatada há dez anos à demolição e à sua substituição por mais um prédio de uns oito pisos, é enorme: tem cave para arquivo, zonas técnicas e sala dos motoristas; tem no rés-do-chão decorado a mármore branco e madeira uma sala de espera, gabinetes, uma cozinha e um salão polivalente que ontem encheu, para uma cerimónia com direito a bênção e pai-nosso; tem no primeiro piso o gabinete presidencial, onde não falta a lareira, e salas para os seus ajudantes; e tem arte - óleos de Henrique Medina ou Adriano Sousa Lopes e esculturas de Diogo de Macedo - espalhada pelos vários espaços, acessíveis todos eles a cidadãos com problemas de mobilidade, graças a um elevador.
Custou 1,5 milhões de euros a recuperação desta vivenda de 1920 - projectada pelo mesmo arquitecto que, ao lado, desenhou os paços do concelho - e que reassume novas funções de cara lavada e dotada da mais recente tecnologia em domótica. A obra ontem inaugurada foi muito demorada - muito por culpa da falência da empresa que a iniciou - e o presidente da câmara, Luís Filipe Menezes, insistiu em associá-la a um trabalho contínuo de melhoria das condições de instalação dos vários serviços municipais, pela via da recuperação de património degradado.
Circunscrevendo-se às freguesias de Santa Marinha e Mafamude, Menezes lembrou a Casa dos Ferreiros, na Rua de Cândido dos Reis, que alberga a Energaia e alguns serviços do pelouro da Juventude; a antiga conservatória, hoje sede da Gaianima; o antigo tribunal, prestes a transformar-se "num dos melhores arquivos do país", segundo o autarca; a Casa Barbot, edifício de Arte Nova em plena Avenida da República que a partir de 2 de Fevereiro será a Casa Municipal da Cultura, a sede do gabinete do "ministro" (lapso, que mereceu sorrisos da plateia) da Cultura, Mário Dorminsky, e de todos os serviços deste departamento, que em Gaia "não serão privatizados", atirou, numa farpa para a margem direita do rio Douro em dia de desocupação do Rivoli pelos despedidos funcionários da Culturporto; o solar onde está instalada a empresa Gaia Social; e o Convento Corpus Christi, para onde serão transferidos os funcionários da GaiUrb.
Menezes aproveitou a concorrida cerimónia de ontem para vincar a intenção de mudar a envolvente da Casa da Presidência da Câmara de Gaia, num projecto que visa criar naquela zona um centro cívico. Para tal, o parque de estacionamento existente nas traseiras do imóvel será "enterrado", para dar lugar a uma nova praça que tocará os paços do concelho, cujo edifício técnico será demolido, para dar lugar a uma construção moderna. Projectos ainda sem data, num ano que o autarca augura de "excepcional, para melhor", no que ao concelho diz respeito.

O embaixador e ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz será nos próximos dias empossado no cargo de presidente da Agência de Investimento de Gaia, uma estrutura criada pelo executivo de Luís Filipe Menezes para atrair novos investidores para o concelho que, ainda este ano, notou, estará dotado de quatro parques empresariais. Menezes, que presidirá ele próprio à Sociedade de Reabilitação Urbana de Gaia, espera uma forte articulação com o ex-ministro de Durão Barroso na atracção de boa parte dos investimentos para o centro histórico da cidade. Já a 19 deste mês, a autarquia assinará com o grupo espanhol Caixanova - detentor de mais de dez por cento do mercado de vinho do Porto, através de empresas como a Cálem, a Porto Barros e a Kopke - um compromisso de investimento no património imobiliário do grupo na ordem dos 150 milhões de euros ao longo dos próximos seis anos.

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