Manifestantes exigem fim das negociações com a ETA
A maior concentração teve lugar ao meio-dia junto às Portas do Sol, no centro de Madrid, aonde acorreram centenas de pessoas, em resposta ao apelo lançado pela Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT), plataforma próxima da oposição conservadora e que, tal como ela, se opõe às negociações com a ETA.
Os manifestantes, muitos vindos em família, empunhavam bandeiras de Espanha e cartazes com palavras de ordem contra a ETA, que ontem reivindicou o seu primeiro atentado desde a trégua anunciada em Março.
Mas mais do que a organização armada, o principal alvo das críticas foi o Governo socialista, que há meses anunciou que iria encetar negociações com a ETA com vista à resolução do conflito no País Basco. O diálogo, ainda sem quaisquer resultados visíveis, foi suspenso ontem e o primeiro-ministro José Luis Zapatero garantiu que não será reatado até os separatistas bascos se comprometerem a renunciar à violência.
“Zapatero demite-te”, “Zapatero, fora” ou “A Espanha merece um outro chefe de Governo” foram algumas das palavras de ordem gritadas pelos manifestantes após os minutos de silêncio pedidos pela organização.
Antes do final da concentração, no mesmo local onde esta noite se celebrará a chegada de 2007, o presidente da AVT, Francisco José Alcaraz, leu um manifesto pedindo ao Governo “coragem” para não se limitar a suspender o diálogo com os separatistas mas para romper as negociações “face a acontecimentos tão graves como o de ontem, que demonstram mais uma vez que a única vontade da ETA é continuar a matar”.
Também presente na manifestação, o alcaide de Madrid, Alberto Ruiz Gallardon (Partido Popular), reafirmou a sua “oposição à política antiterrorista do Governo”.
Municípios contra a ETAÀ mesma hora, centenas de pessoas reuniam-se junto aos “ayuntamientos” das principais cidades do país, em “concentrações silenciosas” convocadas pela Federação Espanhola de Municípios. Ao contrário da manifestação convocada pela AVT, os protestos tinham apenas como objectivo protestar contra a violação do cessar-fogo declarado em Março pela ETA, mas em muitas cidades voltaram a ouvir-se protestos contra a política antiterrorista do Governo.
Em Madrid, o secretário-geral da organização do PSOE, José Blanco, reafirmou que “não há diálogo com violência e sem diálogo não haverá paz”.
Prosseguem buscas pelos desaparecidosEntretanto, prosseguem as buscas para encontrar as duas pessoas desaparecidas desde a explosão do carro armadilhado no parque de estacionamento do terminal 4 do aeroporto de Barajas, em Madrid.
O edifício de vários andares ficou parcialmente destruído e as operações de remoção dos destroços estão a ser efectuadas com grande precaução, apesar dos serviços de emergência considerarem “nulas” as hipóteses de encontrar com vida os dois imigrantes equatorianos, que descansavam nos seus carros enquanto aguardavam a chegada de familiares.
Segundo a edição online do diário “El País”, os investigadores apuraram que a furgoneta usada pelos terroristas foi roubada a um jovem basco, sequestrado na passada quarta-feira por homens encapuzados no País Basco francês e só libertado uma hora antes do atentado. A mesma fonte adianta que os peritos acreditam que a detonação foi provocada por 500 a 800 quilos de explosivos e não 200 como inicialmente se calculava.