Rui Rio confirma entrega do Teatro Rivoli a La Féria
Câmara do Porto fundamenta decisão na "programação alternativa", "economicamente sustentável" e capaz de dinamizar a Baixa
Agora é oficial. O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, decidiu, "após indispensável reflexão", que o produtor e encenador Filipe La Féria apresentou a proposta "que melhores condições oferece" para a gestão do Teatro Municipal Rivoli. Num comunicado divulgado ontem ao fim da tarde, a autarquia afirma ainda que, de entre as cinco candidaturas apresentadas, a de La Féria é aquela que assegura "uma programação apelativa de elevada qualidade, e mobilizadora de grandes públicos para a Baixa do Porto, funcionando, assim, como mais uma âncora no processo de reabilitação que a Câmara do Porto quer levar a cabo". O desfecho do polémico concurso para a concessão da gestão do Rivoli - no qual participaram não só a Bastidores/Produções La Féria, mas também o Inatel, a Miltemas-Almedina, a Plateia-Artes Cénicas e a Portoeventos - não surpreendeu a maioria dos artistas contactados pelo PÚBLICO (ver caixa).
Do ponto de vista económico, o projecto de La Féria foi avaliado como sustentável, uma vez que se baseia "essencialmente" em receitas de bilheteira e em patrocínios, não divulgados, de empresas nortenhas. Pode-se ler ainda no documento que o encenador "se dispõe" a recrutar na região, "sempre que possível", os recursos, assim como os técnicos e os artistas necessários para a montagem de espectáculos.
O mesmo documento refere que o encenador que está à frente do Teatro Politeama, em Lisboa, está disposto a "apostar nas grandes produções para o auditório principal", deixando o pequeno auditório "predominantemente" dedicado a iniciativas de foro educativo e "produções infanto-juvenis". Neste caso, o objectivo é apostar em obras de leitura obrigatória nos programas oficiais dos ensinos básico e secundário.
Para aprovar a decisão - anunciada após o prazo inicialmente previsto pela própria autarquia -, será convocada ainda este ano uma reunião extraordinária para que sejam analisadas e votadas "duas propostas sobre o novo modelo de gestão do Teatro Municipal do Rivoli e sobre a extinção da Culturporto", refere o comunicado.
Até ao dia 1 de Maio de 2007, quando a empresa de Filipe La Féria assume a gestão do Rivoli, uma entidade designada Comissão de Gestão Municipal vai assegurar o funcionamento e a programação da sala. Miss Daisy, de Alfred Uhry, será o primeiro evento de 2007. O espectáculo estreia-se no próximo dia 10 de Janeiro, devendo ficar em cartaz até ao mês seguinte, quando a peça com interpretação de Eunice Muñoz cederá lugar à 27.ª edição do Fantasporto, que decorrerá de 19 de Fevereiro a 4 de Março. Os meses de Março e de Abril serão "preenchidos com a exibição de obras teatrais de carácter infanto-juvenil e de comédia".
"No final do primeiro semestre, Filipe La Féria entrará, então, no Rivoli, com a estreia nacional de uma nova megaprodução dedicada à vida e obra de Cármen Miranda, a estrela portuguesa do Marco de Canaveses que chegou à glória de Hollywood", adianta a nota de imprensa.
Quando anunciou a decisão de privatizar a gestão, em Julho, Rui Rio argumentou que a sala municipal representava elevados custos para a autarquia, uma vez que as receitas de bilheteira cobriam seis por cento das despesas.
Contactada pelo PÚBLICO, Ada Pereira da Silva, responsável pela Plateia, afirmou que "aguardará a notificação do resultado com respectiva fundamentação" antes de aventar a hipótese de contestar a decisão.