Marques Mendes diz que "chegou hora do partido decidir" a quem quer fazer oposição
"Chegou a hora de o partido decidir se quer ser oposição ao PS, ao Governo e ao engenheiro Sócrates ou se quer fazer o jogo do PS, do Governo e do engenheiro Sócrates", afirmou Marques Mendes, de acordo com fonte do seu gabinete.
Na reunião, que decorre à porta fechada, o líder do PSD lamentou que sempre que o partido faz propostas alternativas às do Governo haja ruído interno.
Eleito líder do PSD pela segunda vez em Março de 2006, Marques Mendes tem sido alvo de críticas sistemáticas por parte do seu adversário derrotado em 2005, Luís Filipe Menezes.
No passado fim-de-semana, também o ex-ministro de Durão Barroso, Nuno Morais Sarmento, acusou o actual líder do partido de "falta de carisma".
Mendes acusa Sócrates de defender “projecto pessoal de poder"Marques Mendes centrou a sua intervenção perante os conselheiros nacionais num balanço deste ano de Governo e de oposição, lançando duras críticas ao primeiro-ministro José Sócrates.
"Não está em curso nenhum projecto de mudança verdadeira do país, está em curso sim um projecto de poder do engenheiro Sócrates. Nem é tanto do PS, é mais um projecto de poder pessoal do primeiro-ministro", criticou.
Para o líder do PSD, são três as áreas essenciais onde esse "projecto de poder" é visível: justiça, centros de decisão económica e comunicação social.
Combate à corrupção entre as principais bandeiras do partido este anoMarques Mendes recordou as principais bandeiras do PSD em 2006, destacando o combate à corrupção, área em que o partido apresentou quinta-feira um projecto-lei centrado na corrupção desportiva.
"Este é um combate essencial no desporto e fora dele. É o combate pela ética na política e na sociedade", disse, acusando o Governo de não ter preocupação pela ética e não ter vontade de combater a corrupção.
"Talvez agora se percebam melhor as propostas que o Governo fez para escolher o novo Procurador-Geral da República antes da eleição do novo Presidente da República: mais do que investigar, a preocupação era controlar", acrescentou.
O líder social-democrata apresentou também a agenda do partido para 2007, centrada em seis temas.
Na área da economia, o PSD prevê três grandes iniciativas: uma conferência internacional sobre o estado da economia portuguesa, um encontro nacional de empresários e um "encontro inédito" a nível nacional de sindicalistas.
A pensar na presidência portuguesa da União Europeia, que se realiza no segundo semestre de 2007, o PSD irá organizar no primeiro semestre do ano uma conferência internacional sobre o futuro da Europa.
"A Europa não pode continuar como está, parada, sem estratégia, ambição e objectivos", afirmou Marques Mendes.
Marques Mendes prometeu ainda para o próximo ano iniciativas nas áreas da saúde, energia - estão previstos três seminários -, interior do país e cidades.
O líder do PSD garantiu que, em breve, serão anunciados os 16 presidentes dos grupos de trabalho que irão concretizar a revisão do programa do PSD.