Morte da princesa Diana foi apenas um "trágico acidente"
Ao fim de três anos, a polícia concluiu que não houve conspiração por trás do desastre de automóvel
A princesa Diana não foi vítima de uma conspiração para o seu assassínio quando morreu com o namorado, Dodi al Fayed, num desastre de carro em Paris, em 1997. As conclusões da investigação da polícia britânica revelam também que a ex-mulher de Carlos de Inglaterra não estava grávida, nem noiva do multimilionário de origem egípcia.A trágica morte de Diana desencadeou uma onda de teorias da conspiração, entre elas a de que o ex-marido, o príncipe de Gales, ou a própria rainha de Inglaterra teriam estado por trás do acidente, por considerarem embaraçosa para a Casa Real a relação de Diana com o Dodi al Fayed.
Ao fim de três anos de investigação, a polícia britânica afasta os mitos em torno do acidente. "De acordo com as provas que recolhemos, não houve conspiração para assassinar nenhum dos ocupantes do automóvel", anunciou ontem o antigo responsável da Scotland Yard John Stevens, encarregado de chefiar a investigação ao caso. "Tratou-se de um trágico acidente."
Fazendo eco das conclusões a que já tinham chegado as autoridades francesas, Stevens confirmou que o motorista da limusina, Henri Paul - também morto no acidente - estava bêbado e conduzia em excesso de velocidade.
O motorista circulava a 160 km/h quando o Mercedes, perseguido por vários paparazzi, se despistou contra um dos pilares do túnel de Alma e nenhuma das vítimas mortais usava cinto de segurança. Os testes mostram que tinha no sangue quantidades de álcool superiores ao limite legal. Para pôr fim às dúvidas de que as amostras do motorista estariam viciadas, a polícia comparou-as com o ADN dos pais de Henri Paul.
O antigo responsável da polícia britânica assegurou também que Diana, de 36 anos, não estava grávida quando morreu. Os interrogatórios a amigos do casal revelam também que a Princesa do Povo não estava "noiva ou prestes a casar" com Dodi al Fayed, acrescentou, contrariando as especulações alimentadas com a revelação de que Dodi na véspera do acidente tinha adquirido um anel na prestigiada joalharia Repossi.
Pai de Dodi quer casoem tribunal
Os filhos de Diana reagiram de imediato às conclusões do relatório. William e Harry defenderam em comunicado "estarem confiantes que estes dados conclusivos ponham fim às especulações em torno da morte da mãe".
Bem diferente foi a reacção do multimilionário Mohamed Al-Fayed, pai de Dodi, que continua convencido de que a morte do seu filho único e da antiga princesa de Gales foi encomendada pelos serviços secretos britânicos.
Ainda antes de serem conhecidas as conclusões do relatório, o dono dos armazéns Harrods afirmou que seria "chocante" se o inquérito mantivesse a tese de acidente, repudiando a forma como foi conduzida a investigação.
Já depois de as conclusões do relatório serem públicas, um porta-voz de Al Fayed defendeu que as provas recolhidas pela Scotland Yard deveriam ser investigadas e avaliadas em tribunal.
Michael Cole considerou "altamente insatisfatório" que no final da investigação - que custou cinco milhões de euros - muitas questões "continuem por responder". O porta-voz recorda que 18 testemunhas chave do acidente não foram interrogadas. O único sobrevivente do desastre, o guarda-costas de Diana, Trevor Rees-Jones, recusou-se a comentar estas conclusões.
Segundo a imprensa britânica, o inquérito foi longo e minucioso e as suas conclusões foram por diversas vezes adiadas. Foram ouvidas cerca de 400 testemunhas, entre elas o príncipe Carlos, herdeiro do trono. Os destroços do carro foram revistos e as autoridades usaram também tecnologia de ponta para reconstruir em três dimensões o cenário do acidente.
O inquérito francês, com mais de seis mil páginas, foi concluído em 1999, considerando que as mortes se deveram a acidente.