Juiz Pedro Mourão admite processar Árbitro

O desembargador Pedro Mourão está a equacionar se vai apresentar uma queixa-crime contra o árbitro internacional que o terá ameaçado na sequência de decisões que tomou quando exerceu funções de presidente da Comissão Disciplinar da Liga de Clubes. "Levei as ameaças a sério e tomei providências junto das autoridades competentes. Cheguei mesmo a ter segurança", declarou Pedro Mourão ao PÚBLICO, depois de anteontem ter denunciado a tentativa de intimidação de um árbitro internacional numa entrevista ao diário desportivo A Bola.
A revelação do ex-presidente da Comissão Disciplinar da Liga de Clubes motivou de imediato uma reacção da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, cujos dirigentes anunciaram a intenção de processar Pedro Mourão. Em declarações ao PÚBLICO, o desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa esclareceu: "Não está em causa a classe da arbitragem. O que denunciei foi uma intimidação proveniente de uma pessoa que, ao fim-de-semana, arbitra jogos", disse, recusando revelar a identidade do árbitro em causa.
Segundo o desembargador, a ameaça não lhe foi feita directamente, mas através de uma jornalista de um diário desportivo, cuja identidade também não revelou, que lhe terá reproduzido o recado do árbitro internacional: "Diga lá ao seu amigo para ter cuidado e não se meter onde não é chamado."
À data da intimidação, o então presidente da CD da Liga de Clubes tinha estado envolvido directamente em várias decisões. A instauração de um processo disciplinar ao presidente do Gil Vicente, António Fiúza; a remessa de um requerimento à Procuradoria-Geral da República a pedir certidões do processo Apito Dourado para eventual procedimento disciplinar; e a abertura de mais de 60 processos disciplinares a árbitros que não apresentaram dentro do prazo o respectivo registo de interesses. Após a posse dos novos corpos gerentes da Liga de Clubes, Pedro Mourão desconhece o destino daquelas três decisões.
"Gostaria de saber a evolução que tiveram os meus despachos", assegurou, sublinhando que "há matéria disciplinar para apurar nas certidões do Apito Dourado e, quanto ao registo de interesses dos árbitros, lembro que o atraso registado na respectiva entrega é, por si só, um ilícito disciplinar". António Arnaldo Mesquita

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