Língua portuguesa "é um símbolo de resistência" de Timor-Leste

Foto
DR

Contudo, o presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), Godofredo de Oliveira Neto, defendeu um maior esforço de divulgação do idioma por parte dos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

"Há necessidade de um esforço interno dos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa para que o português se difunda ainda mais nos países lusófonos", afirmou.

Oliveira Neto, que também é director de Políticas de Ensino Superior do Ministério da Educação do Brasil, disse esperar que novas ideias e propostas sejam apresentadas durante o seminário "para difundir a literatura e a língua portuguesas pelo mundo e aprofundar o conhecimento mútuo da cultura dos países da CPLP".

O presidente do Conselho Científico do IILP destacou a necessidade de haver uma comunidade literária portuguesa e defendeu a convergência de investimentos para a produção de obras literárias dos países da comunidade.

"Há recursos para isso. Só temos que afinar mais as propostas dos países membros", disse Oliveira Neto à Lusa.

Organizador do seminário, que decorre até amanhã no Rio de Janeiro, Oliveira Neto admitiu que "há uma grande dificuldade, ainda hoje, de encontrar no Brasil livros de escritores de outros países de língua portuguesa".

O presidente do Conselho Científico considera que "o IILP já saiu do papel" e terá um "papel de destaque" na concretização das propostas sugeridas durante o seminário internacional.

Formação de identidade

Na abertura do seminário, o cônsul-geral de Portugal no Rio de Janeiro, António Almeida Lima, representando o Ministério de Educação português, classificou o evento como uma iniciativa para afirmar a importância da lusofonia no contexto da globalização e trocar diversidade culturais.

"O português é uma língua que contribuiu para a formação da identidade de cada um dos países membros", referiu.

A afirmação foi então corroborada pelo representante do Ministério da Educação de Timor-Leste, Justino Guterres. "A língua portuguesa faz parte da afirmação da nossa identidade, é um símbolo de resistência", comentou, numa alusão à luta do povo timorense contra o domínio indonésio, durante mais de vinte anos. "Nós pudémos afirmar a nossa liberdade, independência e consolidação de uma língua comum devido ao apoio da CPLP", acrescentou.

Para o ministro da Educação de Angola, António Burity da Silva Neto, a educação "é uma ferramenta essencial para o desenvolvimento sustentável e social" dos países membros da Comunidade. Segundo António Burity, após 10 anos da criação da CPLP, os países membros estão preparados para definir um quadro representativo de escritores a fim de estabelecer um cânone literário.