Reestruturação da rede de urgências começam a ser discutida amanhã

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A reestruturação implica o fecho de alguns estabelecimentos e a concentração em concelhos Fernando Veludo/PÚBLICO(arquivo)

Fonte do Ministério da Saúde disse à agência Lusa que o ciclo de reuniões com Carmen Pignatelli arranca amanhã com as duas autarquias do distrito de Viseu e vai prolongar-se até ao fim de Dezembro, mas escusou-se a divulgar quantas e quais são as restantes autarquias convocadas.

Os vice-presidentes das câmaras de Santa Comba Dão e Cinfães explicaram que os dois encontros (um marcado para as 11h00 e outro para as 12h00) foram convocados pela secretária de Estado, depois de terem levantado dúvidas em relação à proposta da Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências e de terem pedido uma reunião com os seus responsáveis.

Apresentado no início de Outubro, o relatório encomendado pelo Ministério da Saúde sobre a reorganização das urgências prevê o encerramento de 14 urgências hospitalares e a criação de uma rede com três tipos de serviços — Serviço de Urgência Básica (SUB), Serviço de Urgência Médico-Cirúrgica (SUMC) e Serviço de Urgência Polivalente (SUP) —, num total de 83.

Para além disso, o Governo tem vindo a encerrar serviços de atendimento permanente (SAP) nos centros de saúde um pouco por todo o país.

Santa Comba Dão não concorda com SUB em Tondela

No caso de Santa Comba Dão (maioria PSD/CDS-PP), no sul do distrito de Viseu, a autarquia discorda da proposta de criar um SUB em Tondela, que passaria a servir a sua população, e teme o encerramento do SAP local.

"A haver um SUB no sul do distrito, o que faz todo o sentido, deveria ser em Santa Comba", frisou o vice-presidente da câmara, António Correia.

O facto de o concelho de Santa Comba Dão estar mais afastado do que o de Tondela do Hospital de S. Teotónio, em Viseu, e também de ter estacionado em permanência um helicóptero do Serviço Nacional de Bombeiros são, segundo o autarca, "motivos muito fortes".

"Temos também um centro de saúde de excelência, devidamente equipado, mas que não tem ainda recursos humanos para pôr os equipamentos em prática. Estamos situados num ponto central em termos de estradas [IP3, IC12 e IC6] e os nossos bombeiros têm uma viatura de suporte avançado de vida", acrescentou.

Por tudo isto, António Correia considera que "só questões economicistas" podem justificar a criação do SUB no concelho vizinho de Tondela, "porque já lá existe um hospital e seria mais fácil a sua viabilização em termos de recursos humanos".

Na reunião, António Correia pretende também perguntar se o SAP local vai encerrar, porque "ainda não foi dito nada sobre esse assunto".

Cinfães constata aspectos "impossíveis de colocar em prática"

No caso de Cinfães (PS), no norte do distrito de Viseu, segundo o vice- presidente Manuel Domingos, "tudo indica que o SAP não vai encerrar", mas a proposta da comissão integra aspectos "impossíveis de colocar em prática". "Temos um centro de saúde inaugurado há pouco tempo, com todas as condições, que devia acolher o SUB. Mas o que propõem é que a população passe a deslocar-se ao SUB de Penafiel", lamentou.

Segundo o autarca, os cálculos prevêem uma viagem entre 30 a 45 minutos, a uma média de 60 quilómetros por hora, entre Cinfães e Penafiel, o que "é impossível de fazer", sobretudo com a neve e o gelo muito frequentes no Inverno.

"Por exemplo, as freguesias serranas Gralheira, Alhões, Bustelo e Tendais demoram isso só a chegar à sede do concelho. Quanto mais a Penafiel", frisou.

Também os presidentes de Vouzela e de Oliveira de Frades (PSD) vão reunir-se com a secretária de Estado na próxima quarta-feira. Estes autarcas contestam o encerramento do SAP de Vouzela e defendem a construção de um SUB naquela vila.

Na semana passada, o conselho directivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses manifestou-se contra a proposta de requalificação da rede de urgências e "todo e qualquer movimento precoce" para encerrar serviços de saúde, sem que existam "alternativas seguras e permanentes".