"É um monólogo interior de uma mulher que entra em ruptura com o mundo em que vive e parte para uma reflexão que acaba por colocá-la entre a vida e a morte", explicou a encenadora Maria Gil, directora artística do Teatro do Silêncio.

Apesar de a obra teatral de Gao Xingjian ser pouco conhecida em Portugal, o autor chinês "é sobretudo um homem do teatro, que trabalhou durante muitos anos no teatro da Ópera de Pequim", sublinhou Maria Gil, contando que encontrou o texto, pediu a Diogo Bento para o traduzir e falaram com o autor, que lhes cedeu os direitos.

"Esta foi a primeira peça que Xingjian escreveu directamente em francês, depois de se ter exilado em França e muito antes de receber o Nobel", disse.

"O espectáculo é interpretado por uma actriz, no papel da mulher, um palhaço mudo, nos papéis de homem, velho e demónio, e uma bailarina, que representa as imagens interiores dessa mulher", personagens encarnadas por Tânia Guerreiro, Pedro Manuel e Ana Rita Trindade, respectivamente.

"É uma peça sobre os limites da liberdade individual face ao colectivo e reflecte sobre o facto de a libertação ser interior", resumiu a encenadora.

O espectáculo é uma co-produção do Teatro do Silêncio — uma companhia de Lisboa com cerca de dois anos de existência que tem como característica "reflectir sobre questões da intimidade, adoptando uma linguagem em que o actor está muito próximo do público", segundo Maria Gil — e do Teatromosca, de Sintra, "centrado em divulgar dramaturgias contemporâneas emergentes".

"Na Margem da Vida" estará em cena em Lisboa, na Casa Conveniente, até 10 de Dezembro, de quinta-feira a domingo, às 22h00, integrada na Mostra-Te, a 8ª Mostra de Teatro Jovem de Lisboa.