Algodão foi modificado para que as sementes sejam comestíveis
Largamente utilizada para fazer roupas, talvez não falte muito para que a planta
passe a fazer parte
da dieta humana
Depois de algodão doce, vem aí o bolo de algodão? Uma equipa de cientistas norte-americanos diz que sim. Acaba de anunciar a criação de algodão geneticamente modificado para que as sementes sejam comestíveis. Para tal, quase não contêm gossipol, uma substância química tóxica para os humanos. Publicado na revista norte-americana The Proceedings of the National Academy of Sciences, pela equipa de Keerti Rathore, da Universidade A&M do Texas, o trabalho pretende contribuir para que milhões de pessoas recebam mais proteínas.
Todos estão mais familiarizados com as roupas de algodão. Mas os 44 milhões de toneladas de sementes produzidas por ano, em 80 países, servem também para fabricar óleo e alimentar animais, menos afectados pelo gossipol, refere a agência noticiosa AP.
Embora nas sementes transgénicas o teor desta substância química seja muito pequeno, a planta modificada continua a produzi-la nas folhas e no caule, para afastar os insectos. Nas versões iniciais, retirava-se o gossipol de toda a planta e o resultado é que era atacada por uma variedade de insectos.
Quase sem gossipol, as sementes podem ser transformadas em farinha, que pode depois ser usada na culinária. E até sabe bem, garante Rathore. Ele não provou a farinha de algodão, mas diz que outros investigadores fizeram-no, e gostaram.
Como desafios, os investigadores vão agora ter de perceber se as mudanças genéticas introduzidas na planta se manterão estáveis ao longo de várias gerações e ultrapassar a resistência do público em introduzir na alimentação produtos transgénicos.