Funcionamento do ITER Mas por que é que estes países estão dispostos a gastar tanto dinheiro para um reactor experimental? A ideia é estudar como reproduzir a imensa energia das reacções de fusão nuclear, que ocorrem no núcleo das estrelas, como o Sol. O problema é que para vencer a repulsa dos átomos entre si, é preciso chegar a temperaturas da ordem dos 100 milhões de graus Celsius. A esta temperatura, a matéria fica num quarto estado, o de plasma, em que átomos e moléculas formam um gás ionizado. Para o fazer, é precisa uma imensa quantidade de energia, muito mais do que a que resulta da reacção. Aprender a desencadear essa reacção consumindo menos energia é o que os cientistas querem. A dificuldade do projecto é ilustrada pelo objectivo do ITER: demonstrar a viabilidade de produzir energia através da geração de 500 MW de energia de fusão, durante 300 segundos. A fusão nuclear é diferente da energia nuclear a que estamos habituados: essa produz-se partindo átomos de elementos químicos e instáveis, como o urânio, e aproveitando a energia libertada. |
Assinado acordo para construção do reactor ITER
O reactor ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor) — que vai custar doze mil milhões de euros — será construído em Cadarache, perto de Marselha, no Sul de França.
Numa cerimónia cujo anfitrião foi o Presidente francês, Jacques Chirac, representantes da União Europeia, dos Estados Unidos, do Japão, da Índia, da Rússia, da Coreia do Sul e da China assinaram o acordo, pondo fim a vários anos de negociações.
"Se nada mudar, a humanidade terá consumido, em 200 anos, a maioria dos recursos fósseis acumulados ao longo de centenas de milhões de anos, provocando, ao mesmo tempo, uma verdadeira calamidade climática", afirmou Chirac. O projecto ITER é, por isso, "uma vitória do interesse geral da humanidade", acrescentou.
Combustível a partir de água salgadaO reactor pretende transformar água salgada em combustível, ao imitar a forma como o Sol produz energia.
Os defensores do ITER argumentam que é mais limpo do que os actuais reactores nucleares, mas os críticos lembram que serão precisos pelo menos 50 anos para que seja construído um reactor viável comercialmente.
Ao contrário dos actuais reactores de fissão, que libertam energia ao dividir os átomos, o ITER vai gerar energia ao combinar átomos. No entanto, apesar de décadas de investigação, os reactores de fusão experimentais não têm conseguido libertar mais energia do que aquela que utilizam.
"Já alcançámos muito", disse Janez Potocnik, comissário europeu para a Ciência e Investigação. "Precisamos de procurar respostas não apenas para o curto e médio prazo, mas também para o longo prazo", sublinhou o responsável.