Prémios Pen Clube para sete autores
O Pen Club anunciou ontem sete vencedores dos prémios literários deste ano: António Ramos Rosa, na poesia, Fiama Hasse Pais Brandão e Helder Macedo, ex aequo, na ficção, Pedro Eiras, no ensaio, José Bento e Miguel Serras Pereira, também ex aequo, na tradução, e Ana Cristina Oliveira, para primeira obra. O prémio, de cinco mil euros em todas as categorias e de 2500 na de primeira obra, é atribuído a obras editadas em 2005. É o mais internacional dos prémios literários (o Pen Club é uma organização mundial). António Ramos Rosa foi distinguido por Génese (Roma Editora), "pela qualidade do livro", que "representa um dos cumes da sua escrita", segundo Fernando Pinto do Amaral, um dos elementos do júri com Carlos Mendes de Sousa e Maria João Reynaud. "Tem publicado muita coisa, mas, dentro dos livros dele, este destaca-se", disse. "É fácil interpretar o título", escreveu António Guerreiro no Expresso. "O conjunto de poemas que ele acolhe não fala senão do começo, da origem, do nascimento."
O prémio de ficção foi ex aequo porque "não havia nenhuma obra que indiscutivelmente sobressaísse", justificou Teresa Salema, do júri (com Maria Teresa Horta e Nuno Júdice). "O júri resolveu contemplar a diversidade da literatura." A obra de Hélder Macedo, Sem Nome (Presença), "segue uma trama romanesca que é sempre bom recuperar e voltar a ler". Sem Nome é dedicado a Maria de Lourdes Pintasilgo e a acção decorre no ano da sua morte. A obra de Fiama Hasse Pais Brandão, Contos da Imagem (Assírio & Alvim), com quatro contos, é "uma escrita muito poética, quase minimalista".
Na tradução, o prémio também foi dividido pelos dois tradutores da obra-prima de Cervantes, D. Quixote de la Mancha: José Bento para a editora Relógio d"Água, Serras Pereira para a Dom Quixote. "São duas traduções fantásticas, não se podia dar a um só", disse Casimiro de Brito, júri com Ana Hatherly e Annabela Rita. Sobre Esquecer Fausto, de Pedro Eiras (Campo das Letras), o presidente do Pen - que também foi júri nesta categoria, com Álvaro Manuel Machado e João David Pinto-Correia - disse: "Deve ser um dos melhores livros de ensaio dos últimos anos". O autor, "jovem", fez um trabalho "extraordinário" de investigação sobre obras de Raúl Brandão, Fernando Pessoa, Maria Gabriel Llansol e Herberto Helder para ir "buscar paradigmas das questões essenciais do nosso tempo, a fragmentação".
Ana Cristina Oliveira é uma autora desconhecida e o livro premiado, Continentes Negros (Roma Editora), é um ensaio onde compara "a África e a mulher, a partir de textos escritos por autores ingleses". Joana Gorjão Henriques