Collor de Mello regressa à política como senador
Corrupção levou ex-chefe de Estado a abandonar a presidência há 14 anos. Agora poderá tentar um "acerto de contas"
O ex-Presidente do Brasil Fernando Collor de Mello foi ontem eleito senador do estado de Alagoas, três semanas depois de ter lançado oficialmente a sua candidatura pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro ao cargo que era ocupado pela candidata à presidência Heloísa Helena (coligação Frente de Esquerda).Com 44,03 por cento dos votos, a vitória representa um regresso à vida política, 14 anos depois de ter renunciado à presidência para evitar um processo de impeachment de que foi alvo na sequência das denúncias de corrupção no Governo. O escândalo levou à cassação dos seus direitos políticos pelo Senado, pena que cumpriu até 2000.
A eleição de Collor, 57 anos, suscitou diferentes reacções por parte de analistas políticos. "Não tem significado para a política nacional", declarou à BBC Brasil um professor de Ciências Políticas da Fundação Getúlio Vargas, Octávio Amorim Neto, para quem o ex-Presidente é um "passivo político" e deverá ter uma actuação discreta no Senado.
Já para o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, Geraldo Tadeu Monteiro, a vitória representa "um factor de instabilidade política, porque não se sabe em que medida ele vai usar o mandato para tentar um acerto de contas com aqueles que o tiraram do poder".
Durante a campanha eleitoral, Collor qualificou o seu afastamento da presidência em 1992 como uma perseguição a Alagoas e ao Nordeste e garantiu que, caso fosse eleito, poderia falar "de igual para igual" com os parlamentares e "contar a verdade" sobre o processo de impeachment.
Quanto à possibilidade de uma nova candidatura ao Palácio do Planalto, em 2010, Geraldo Tadeu Monteiro considera que "não deve ser descartada", apesar de depender da conjuntura.
"Caso Lula seja reeleito, o PT [Partido dos Trabalhadores] não tem um nome de peso para a sua sucessão. Aécio Neves e José Serra aparecem como opções de centro esquerda e Collor seria opção da direita populista".