Fosforeira Portuguesa de Espinho salva à última hora pelo director de produção

Contrato de trespasse é assinado hoje, data em que estava previsto o encerramento da unidade que agora
terá nova designação

O fecho definitivo da Fosforeira Portuguesa de Espinho esteve marcado para hoje, para as 17h00. Na prática, a fábrica com a mesma designação desaparecerá do mapa económico português, mas a laboração de fósforos no país está assegurada. O actual director de produção da empresa, Jaime Teixeira Pinto, que há alguns meses tinha apresentado uma proposta de compra à administração, garante que hoje assinará "o contrato de trespasse". O responsável pelo sector produtivo do equipamento industrial com 80 anos de existência e o único a produzir fósforos na Península Ibérica revela que irá continuar nas instalações mais um ano e meio, embora o nome não se mantenha. "A partir de segunda-feira, iremos continuar a produzir. Ficarão alguns trabalhadores, alguns irão embora", explica. O objectivo é "ter 20 a 25 trabalhadores na produção, cortar na camada superior da hierarquia e aumentar o número de empregados na fabricação".
Teixeira Pinto acredita que o negócio é rentável. "Não se vendem tantos fósforos como no passado, mas ainda se vendem. Dispomos de vários modelos e uma vasta gama de produtos", justifica. Quanto à não-continuidade da Fosforeira, o director de produção adianta que a administração considerou incomportável manter a firma, sobretudo "a partir do momento em que soube que não iria ser renegociada a distribuição de tabaco" - outra função da unidade fabril. "Chegou-se à conclusão que a margem não compensava", remata.

"A nova empresa terá de fazer contratações"
"A empresa com o nome Fosforeira Portuguesa acaba amanhã [hoje] e os trabalhadores ficam desempregados", refere Justino Pereira, do Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Norte (Sinorquifa). A estrutura sindical não tem conhecimento oficial do negócio que deverá ter hoje lugar. "Poderá ser assinado um contrato de trespasse, mas livre de trabalhadores. A nova empresa terá de fazer as contratações", sublinha. De qualquer forma, o dirigente sindical diz que estará atento "ao desenrolar dos acontecimentos". "Se houver uma nova empresa, abrem-se outras possibilidades para os trabalhadores", afirma.
Alegria e tristeza. O coordenador da comissão de trabalhadores, Alexandre Silva, explica o misto de emoções que atinge a classe laboral, que oficialmente ainda não sabe do trespasse. "O sentimento é de algum alívio, por termos conseguido salvaguardar os direitos legais, e de profunda tristeza porque vamos engrossar os números do desemprego", descreve. "Vamos fazer parte da tragédia. Somos novos para a reforma e velhos para conseguir um novo trabalho", acrescenta.
O encerramento da Fosforeira Portuguesa chegou aos ouvidos dos perto de 40 funcionários no início do mês. Os motivos foram colocados em cima da mesa: as dificuldades financeiras para aguentar um negócio que revela pouca rentabilidade, aliadas às exigentes regras do mercado, foram as razões apresentadas.

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