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O que é o DDT?

É um composto químico organoclorado, constituído de átomos carbono, hidrogénio e cloro. A sigla vem da designação técnica dicloro-difenil-tricloroetano. Não existe na natureza, tendo sido sintetizado em laboratório pela primeira vez em 1874. Mais de meio século depois, em 1939, o cientista suíço Paul Hermann Müller descobriu que era um potente insecticida. Müller ganhou o Prémio Nobel em 1948.

Por que é tão eficiente?Quando foi descoberto como insecticida, o DDT chamou a atenção pela sua capacidade de matar levas sucessivas de insectos, com uma só aplicação. O produto é muito pouco solúvel em água, e por isso permanece durante muito tempo no solo e nas plantas, depois de pulverizado. Além disso, é barato.

Quando começou a ser utilizado?Durante a II Guerra Mundial, na década de 1940. Inicialmente, o DDT foi empregue para controlar doenças transmitidas por insectos, como a malária e o tifo, entre as tropas aliadas e também em populações civis. Depois do fim da guerra, em 1945, começou a ser aplicado também na agricultura.

O DDT teve efeitos benéficos?Sim. O DDT foi essencial no controlo da malária no mundo, inclusive nos países desenvolvidos. Foi muito utilizado para acabar com a doença no Sul dos Estados Unidos, até ao princípio dos anos 1950. Também contribuiu para o mesmo na Europa. Além disso, o DDT foi um ingrediente adicional da "Revolução Verde", que fez disparar a produção de alimentos entre as décadas 1940 e 1960, sobretudo graças à investigação agronómica e à utilização de fertilizantes.

E tem efeitos negativos?Muitos. Ao mesmo tempo em que mata insectos, o DDT afecta negativamente o ambiente, agindo como tóxico sobre toda a cadeia alimentar, desde microorganismos até mamíferos. É capaz de matar peixes e afecta a reprodução das aves, por exemplo, reduzindo a espessura das cascas dos ovos. A partir da década de 1950, começaram a surgir relatos mais consistentes dos males do DDT sobre o ambiente. Em 1962, a ecóloga norte-americana descreveu-os no livro Primavera Silenciosa, que teve enorme repercussão mundial.

É proibido usar DDT?O uso indiscriminado do DDT está interdito há muito tempo na generalidade do mundo desenvolvido. Os primeiros países a banirem a sua utilização foram a Noruega e a Suécia, em 1970. Os Estados Unidos fizeram-no em 1972. Em 1995, 34 países tinham já proibido totalmente o DDT e outros 34 tinham adoptado severas restrições ao seu uso. A Convenção de Estocolmo sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes, que entrou em vigor em 2004, apenas admite o uso do DDT para o controlo da malária.

Que riscos apresenta para o ser humano?As maiores evidências de efeitos na saúde humana vêm de casos de pessoas que ingeriram grandes quantidades de DDT e tiveram tremores, convulsões, náuseas, tonturas e outras perturbações do sistema nervoso. Nas mulheres, o DDT pode possivelmente levar a uma redução do tempo de amamentação ou ao aumento do risco de parto prematuro.

O DDT é cancerígeno?Não há evidências epidemiológicas para atestar que o DDT decididamente cause cancro no ser humano. Mas, como provocou a doença em experiências com ratinhos de laboratório, a Agência Internacional de Investigação sobre o Cancro classifica o DDT como um "possível cancerígeno humano".

Como pode uma pessoa ser contaminada com DDT?
O DDT pode entrar no corpo humano pela ingestão de alimentos, sobretudo carnes e verduras. Isto é mais provável em países onde o DDT ainda é utilizado na agricultura. Naqueles em que o DDT está banido há anos, as concentrações nos alimentos têm vindo a cair. A exposição também pode ser por via da respiração ou pela pele, no acto da aplicação do produto. A Organização Mundial de Saúde avalia que o DDT não apresenta riscos, quanto aplicado dentro de casa em doses residuais, desde que utilizado correctamente. Ricardo Garcia

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