Tony Bennett Os 80 anos do último grande crooner
Because of you, Cold cold heart e Stranger in paradise são alguns dos seus grandes êxitos. Já vendeu 50 milhões de álbuns
A 3 de Agosto de 1926 Anthony Dominick Benedetto nasceu em Queens, Nova Iorque. Hoje, Tony Bennett faz 80 anos, e as comemorações estarão ao nível do que conseguiu o último crooner sobrevivente da era clássica norte-americana. A 25 de Setembro, é editado Tony Bennett: Duets/An American Classic, onde faz 18 duetos com grandes nomes - Bono, Stevie Wonder, Sting, Diana Krall, Elton John, Barbra Streisand, entre outros.No início do Outono é emitido pela cadeia de televisão NBC um musical gravado pelo realizador Rob Marshall (Chicago), e que, através de actores convidados como Robert de Niro, Catherine Zeta-Jones e Billy Crystal, fará uma viagem musical através da vida do cantor. Para 2007 está prevista a exibição de um documentário produzido por Clint Eastwood, bem como a reedição, ao longo do ano, de títulos antigos nunca antes disponíveis em CD. E um livro com imagens dos quadros de Tony, a sua outra grande paixão artística.
Bennett é um sobrevivente não apenas por se manter vivo e a cantar em palcos e a gravar de forma regular, mas principalmente por ter conseguido ultrapassar os baixos de uma carreira com seis décadas e ser reconhecido pela geração MTV. E por manter viva a tradição do great american songbook, as canções clássicas de entre os anos 20 e 50, criados por nomes intocáveis da cultura americana, seja Gershwin, Hart e Rodgers ou Cole Porter. Pelo meio, vendeu mais de 50 milhões de discos.
Filho de um merceeiro de ascendência italiana, frequentou a Escola de Artes Industriais em Manhattan, onde desenvolveu as suas duas preferências - canto e pintura. Os seus ídolos de infância incluíram Bing Crosby e Nat King Cole, cujos estilos influenciaram Tony. Após servir na II Guerra Mundial, teve a sua grande oportunidade quando o comediante Bob Hope o ouviu a cantar em Greenwich Village, Nova Iorque - e também lhe deu o nome artístico que até hoje mantém, pois Hope não gostava do "Joe Bari" que Benedetto utilizava.
A década de 50 foi de ouro, com êxitos como Because of you, a versão de Cold cold heart de Hank Williams (ambos presentes no álbum de duetos) ou Stranger in paradise. Ao mesmo tempo, desenvolvia o seu gosto pelo jazz, gravando em 1959 com a orquestra de Count Basie. O tema que se tornou o seu símbolo - I left my heart in San Francisco - surge em 1962, mas o final dos anos 60 e a década de 70 foram difíceis a nível de gravações (Tony Sings the Hits of Today, em que visitava temas pop, ficou tristemente célebre pela má versão de Eleanor Rigby, dos Beatles).
No entanto, continuou sempre a encher salas à volta do mundo. Nos anos 90, e já com a gestão da carreira nas mãos do filho Danny, ressurge com uma gravação no formato MTV Unplugged e colaborações com k.d. lang e Red Hot Chili Peppers.
Era a consagração de um artista que conseguia manter os clássicos na órbita das novas gerações, sempre apoiado por um belo tom de tenor, uma forma muito fluida e simples de cantar, e uma alegria desarmante. Agora, em Duets, recebe a palma da geração que dominou os anos 70 (Elton John, Billy Joel, Streisand), 80 (Sting, Bono, Costello, George Michael) e lança pontes para os que, na área de Bennett, deverão dominar os próximos (Diana Krall e Michael Bublé).
Hoje, ao festejar os seus 80 anos (na companhia de uma namorada com metade da idade), Tony Bennett poderá pensar que há alguma verdade na famosa frase do seu amigo, e rival, Frank Sinatra: "Tony Bennett é o melhor cantor neste negócio."