Análises de ADN confirmam que são de Colombo os ossos sepultados em Sevilha

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Investigadores confirmaram a identidade do navegador, mas na catedral espanhola está apenas uma pequena parte dos seus restos mortais Carlos Lopes/PÚBLICO (ARQUIVO)

Os resultados das análises de ADN agora divulgados são a última etapa de uma investigação que começou em 2003, quando a equipa de Antonio Lorente abriu o túmulo atribuído a Cristóvão Colombo, em Sevilha. O investigador afirmou que não há "nenhuma dúvida" de que os restos mortais ali sepultados são de Colombo. No entanto, naquele túmulo foram apenas encontrados 200 gramas de ossos, com o tamanho médio de um grão. O osso maior não ultrapassará o tamanho de uma bola de golfe.

Se os ossos sepultados em Sevilha correspondem a cerca de 15 por cento dos restos mortais de Colombo, onde estarão os 85 por cento que restam?, questionava ontem o jornal El País. A resposta poderá estar no trajecto percorrido pelos ossos ao longo da história. "No meio de todo esse trajecto, há a possibilidade de qualquer pessoa que teve acesso ao corpo durante as transladações ter guardado alguma recordação no bolso. Aconteceu mais do que uma vez na história", adiantou Lorente àquele diário espanhol.

O destino dos restos mortais de Cristóvão Colombo não tem sido consensual entre os investigadores. Sevilha sempre foi uma das hipóteses mais apontadas, mas outra é Santo Domingo, na República Dominicana. E as duas poderão estar certas.

Foi em Abril de 2003 que a equipa coordenada por Antonio Lorente abriu o túmulo de Sevilha, durante seis dias, e recolheu amostras para testes de ADN. Para concluir que se tratava de Cristóvão Colombo, comparou essas amostras com outras recolhidas do seu irmão, Diogo, e o do seu filho, Fernando.

O facto de o esqueleto estar tão incompleto - faltava-lhe, por exemplo, o crânio - leva a crer que se encontra espalhado por vários lugares. Numa entrevista ao jornal El País, Lorente colocou a hipótese de os restos mortais de Colombo se encontrarem repartidos "entre Sevilha, Santo Domingo e, quem sabe, um terceiro lugar".

A dúvida é explicada pelas reviravoltas que os ossos de Colombo terão sofrido ao longo dos anos. O navegador morreu em Valladolid, em Maio de 1506, e foi transladado três anos depois para uma capela no mosteiro da ilha Cartuxa, em Sevilha. Cerca de 30 anos depois, as ossadas foram levadas para a catedral de Santo Domingo, até que, dois séculos depois, em 1795, o caixão terá sido levado para Havana, em Cuba. Nessa altura, Espanha cedera à França a ilha que é agora a República Dominicana. Daí, os ossos de Colombo terem sido transferidos para terras então espanholas.

Já em 1898, durante a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, os ossos regressaram a Sevilha. Mas o facto de ter sido descoberta, em 1877, uma caixa de chumbo na catedral de Santo Domingo com o nome do navegador veio complicar a história. A equipa de Lorente também já pediu autorização para analisar esses restos mortais, mas espera há mais de um ano por uma resposta.

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