Joe Berardo investe na Portugal Telecom porque acredita numa OPA rival

Estrutura accionista da PT em transformação com a entrada de Berardo e a Ongoing no capital. BES apela a medidas anti-OPA

Joe Berardo é o segundo novo accionista da Portugal Telecom (PT) dado a conhecer ao mercado no espaço de dois dias úteis, um sinal claro de que está a haver grandes movimentações na estrutura accionista da operadora a poucos dias de se conhecer a posição da Autoridade da Concorrência (AdC) sobre a fusão da Sonaecom/PT. A operadora comunicou ontem ao mercado que a Fundação José Berardo passou a deter 2,07 por cento do capital e direitos de voto da PT, confirmando a notícia avançada no sábado pelo Expresso. Berardo terá investido cerca de 222 milhões de euros. Em declarações ao PÚBLICO, Joe Berardo confessa que investiu na PT porque acredita que "irá acontecer algo nos próximos dois meses". Ou seja, está a apostar no lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) concorrente à da Sonaecom, que terá de subir o preço da oferta de 9,5 euros feita por Paulo Azevedo em cinco por cento.
A Fundação Berardo é agora o sexto maior investidor, destronando a Ongoing Strategy Investments, empresa presidida por Nuno Vasconcellos e que comprou, nas últimas semanas, a participação de Patrick Monteiro de Barros (ver PÚBLICO de 29/07/2006), conforme foi noticiado na passada sexta-feira.
Berardo afirmou que, a meio da tarde de ontem, não tinha ainda sido contactado por Nuno Vasconcellos - tido como próximo do BES, de quem é accionista através da Espírito Santo Finantial Holding. Vasconcellos adiantou ao Diário Económico que pretende fazer um núcleo duro de accionistas portugueses, e o BES, esclareceu, estará entre as entidades a contactar. Curiosamente, Ricardo Salgado, o presidente do BES, disse, no sábado, ao Diário Económico, que é altura de a administração da PT, liderada por Henrique Granadeiro, apresentar um programa anti-OPA.
Granadeiro mantém, para já, o silêncio sobre novas medidas da defesa da OPA, depois de ter decidido, na sequência de uma fuga de informação, cancelar a proposta para saída da PT do capital da PT Multimédia, proprietária da rede de cabo.
Berardo admitiu ainda ao PÚBLICO que poderá conversar com Vasconcellos, mas vai dizendo: "Nunca me apaixono pelos negócios". O mesmo será dizer, explica, que, se for interessante fazer parte desse núcleo duro de accionistas, pensará no assunto. Berardo - que detém uma participação de mais de dois por cento na Sonae, porque diz acreditar na gestão de Belmiro de Azevedo - adianta ainda que não quer qualquer lugar na administração da PT, mas garante que vai aumentar a participação. E adianta que gostava de ver esclarecido se a Sonaecom, caso compre a PT, irá ou não distribuir dividendos nos primeiros cinco anos, uma vez que já se disse que não.

Sonaecom abre novo MVNO
Depois de ter feito um acordo para a criação de um operador móvel virtual (MVNO) simples com a The Phone House, a Sonaecom anunciou ontem uma nova parceria nesta área, antecipando mais um "remédio" para os eventuais problemas de concentração decorrentes da OPA. A parceria foi feita com a britânica Euphony Communications, parceira da operadora móvel francesa Orange, do France Telecom. A Euphony, que operará em Portugal sob esta marca, é uma empresa de marketing especializada em produtos e serviços de telecomunicações, e está presente em seis países europeus.

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