Mais de 160 mortos nos atentados em Bombaim

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Aijaz Rahi/AP

“O balanço é de 163 mortos e cerca de 460 feridos”, declarou o inspector de polícia Ashok Jadhav, em declarações à Reuters.

Segundo as últimas informações, as sete explosões ocorreram em cinco comboios e duas estações dos subúrbios oeste de Bombaim, ligados à baixa da cidade por uma complexa rede ferroviária.

Os investigadores estão ainda tentar apurar o tipo de explosivos usados nos ataques, um indício importante para descobrir os autores dos atentados. “Não temos a certeza se foi RDX ou não”, afirmou A.N. Roy, comissário da polícia local, numa referência a um explosivo plástico de grande potência, habitualmente usado pelos militares.

Até ao momento, nenhum grupo reivindicou a acção, mas fontes dos serviços secretos indianos, citados pela edição online do “Times of India” atribuem os atentados ao Lashkar-e-Taiba [Exército dos Puros], uma organização terrorista activa em Caxemira, em coordenação com o ilegalizado Movimento dos Estudantes Islâmicos da Índia (SIMI).

Os serviços secretos justificam as suspeitas com a dimensão e a forma coordenada como decorreu a acção, a que se juntam informações sobre a existência de células do Lashkar na região de Bombaim, onde o SIMI detém também significativa influência.

O Ministério do Interior indiano, citado pelo diário, acrescenta que a violência do ataque é consistente com as informações de que extremistas religiosos estariam a armazenar importantes quantidades de armas e explosivos.

Activo desde 1993, o Lashkar-e-Taiba é uma das principais organizações radicais que lutam pela independência de Caxemira (único estado indiano de maioria muçulmana) e a sua posterior anexação ao Paquistão. Após os atentados de 11 de Setembro, Islamabad ilegalizou estes grupos, que continuam, no entanto, a usar território paquistanês como base para lançar ataques de crescente mediatismo contra cidades indianas.

Fundado no meio universitário em 1977, o SIMI é uma organização extremista que tem por objectivo reavivar o islamismo no país (minoritário na Índia) e transformá-lo num Estado regido pela "sharia" (lei islâmica). A sua proximidade ao antigo regime afegão taliban, as manifestações violentas contra os EUA e o apoio a Osama bin Laden acabariam por levar o Governo indiano a ilegalizar a organização após os atentados de 11 de Setembro.

Apesar de proscrito, o movimento continua a gozar de amplo apoio nalgumas regiões indianas, servindo de base de inspiração a outros movimentos na região. Desde a sua ilegalização, o SIMI terá estado por trás de vários atentados, em especial na região de Bombaim.

Explosões concertadas

Segundo as autoridades, registaram-se na cidade sete explosões, separadas por apenas onze minutos, em outras tantas estações da rede de caminhos-de-ferro que liga o centro da cidade aos subúrbios.

A primeira explosão ocorreu às 18h24 locais numa carruagem de primeira classe de um comboio que se encontrava perto da estação de Khar. Nos minutos que se seguiram, outras bombas explodiram nas plataformas ou em comboios parados junto às estações de Jogeshwari, Borivili, Mira Road, Matunga, Mahim e Bhayendar.

As explosões ocorreram numa altura em que as composições estavam lotadas, o que gerou cenas de pânico, com os passageiros a atropelar-se para fugir ao local.

O funcionamento da rede de caminhos de ferro encontra-se suspenso e as comunicações na cidade entraram em ruptura, apesar do apelo à calma das autoridades.

O Governo indiano decidiu, entretanto, colocar Nova Deli em estado de alerta máxima, tanto mais que os atentados em Bombaim ocorreram após ataques com granadas em Srinagar, a capital de Verão do estado de Caxemira.

Um enorme metrópole

Com cerca de 17 milhões de habitantes, o que faz dela uma das maiores metrópoles do mundo, Bombaim, situada na costa oeste da Índia, é o principal centro financeiro da Índia e o berço do florescente cinema do país, conhecido internacionalmente como Bollywood.

A expansão económica da cidade atrai anualmente centenas de milhares de pessoas vindas das regiões mais deprimidas do país, em busca de emprego e dos benefícios do rápido crescimento do país.

Para ligar os seus cerca de 440 quilómetros quadrados, a cidade dispõe de uma das maiores redes ferroviárias suburbanas do país, que transportam diariamente cerca de seis milhões de pessoas, na sua maioria entre os subúrbios a norte e oeste e a baixa, situada na parte sul.