A Itália do Totonero ao Calciocaos
Na selecção italiana que disputa a final, jogadores como o defesa Fabio Cannavarro e o guarda-redes Gianluigi Buffon já foram interrogados no âmbito do Calciocaos, o escândalo de corrupção que assolou o futebol transalpino nos últimos meses. Em 2006 é o Calciocaos, em 1982, o último Mundial em que a Itália foi campeã, foi o Totonero, um jogo ilegal de apostas que mexeu com a selecção italiana. Paolo Rossi foi o melhor marcador, em Espanha, mas o avançado esteve quase a não participar no Mundial por causa do Totonero. A justiça italiana descobriu que os organizadores do Totocalcio - uma espécie de Totobola - estavam a subornar os jogadores para manipular os resultados dos jogos. Rossi foi um dos jogadores acusados e condenados por manipulação de resultados. O avançado ainda alegou que a sua resposta a um adversário foi inocente: "2-2? Se quiseres...". Apesar de ter negado, a punição foi severa: dois anos de suspensão.
Pablito, como ficou conhecido o avançado, voltou aos relvados pouco tempo antes do Mundial de 1982. Enzo Bearzot, seleccionador italiano, confiou na habilidade de Rossi, levando-o para a Espanha. "Eu sabia que se Rossi não fosse não tinha um jogador oportuno dentro da área, onde ele era realmente bom", justificou o seleccionador (muito criticado pela opção), depois da vitória italiana.
No jogo decisivo das meias-finais, a Itália venceu o Brasil, com Rossi a marcar os três golos da selecção (3-2). " Sentia-me protegido e isso foi um factor decisivo", comentou Rossi. O momento de glória de Pablito tinha chegado finalmente. Foi o melhor marcador do Mundial e também ganhou o prémio de melhor jogador europeu nesse ano. Em 2002, no vigésimo aniversário da conquista do Mundial, Paolo Rossi publicou a sua autobiografia com o título Fiz o Brasil chorar.
Duas décadas mais tarde, também na véspera de disputar um Campeonato do Mundo, na Itália estalou um novo escândalo de manipulação de resultados. E a Itália arrisca-se de novo a ser campeã do mundo. Cláudia Martins