Movimento de defesa dos bissexuais surge a norte
Com o BI-Portugal aparece a primeira plataforma exclusivamente bissexual no panorama nacional
É praticamente um recém-nascido. O movimento de bissexuais BI-Portugal surgiu há três meses. Já têm encontros de periodicidade quinzenal que alternam entre Porto (primeira quarta-feira do mês, no Café Lusitano) e Braga (terceira quarta-feira do mês, o Velha-a-Branca). E muita conversa via Internet. O site (http://www.pontobi.org) está ainda em construção. Este é o primeiro movimento exclusivamente bissexual a surgir em território nacional. As entidades existentes (associações, sites, grupos de trabalho) tendem a empenhar-se na temática gay ou bissexual. Até agora, havia apenas uma excepção no mundo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trangéneros) português: a A-T, virada para o direito à identidade de género.
A iniciativa foi de Paula Vilaça, que trouxe para Portugal a experiência conquistada no movimento BI de Inglaterra. Tudo começou com a jovem residente em Braga a enviar um e-mail a alguns amigos, perguntando-lhes o que achavam da ideia de criar uma plataforma de temática bissexual. As respostas que recolheu pareceram-lhe entusiasmadas. As pessoas afiançavam-lhe que sim, que tal lhes parecia "necessário", avançou.
"Eu estou em Braga, mas o BI está em todo o lado", comenta Paula Vilaça, numa alusão às potencialidades trazidas pelas novas tecnologias e focando como exemplo de boas práticas a rede ex aequo. A mailing list integra cerca de quatro dezenas de endereços. O número de participantes no movimento cresce para meia centena quando se lhe acrescenta os indivíduos que não estão inscritos mas que aparecem nos encontros. Mas é cedo para avaliar. O BI acusa a fragilidade do arranque - "estamos na fase de espalhar a palavra".
Mais um passo para reforçar o activismo desenhado a partir do Norte do país.
Com sede no Porto, existe apenas o site Portugal Gay, gerido por João Paulo. Os activistas fogem para Lisboa, aponta este responsável, lembrando, por exemplo, a deslocalização da revista Korpus.
A Opus Gay já teve delegação no Porto, fechou-a. Mas a cidade foi ganhando outras delegações ou representantes (nalguns casos impulsionados pela movimentação que surgiu em torno da morte de Gisberta). O Porto conta com elementos do Clube Safo, da Rede Ex aequo, das Panteras Rosas. E há o GRIP (Grupo de Reflexão e Intervenção do Porto) da Ilga-Portugal. Uniram-se todos, BI incluído, na organização da primeira Marcha do Orgulho. Marcham hoje à tarde contra aquilo a que o psicólogo Nuno Carneiro chama "os canhões invisíveis". A.C.P.