SOCIEDADE
Desde que o ex-cabo da GNR de Santa Comba Dão foi detido por suspeitas
de ter matado três jovens, a expressão serial killer entrou no vocabulário nacional, embora em Portugal não haja registo de muitos assassinos em série. Os mais célebres actuaram sobretudo nos Estados Unidos e na antiga União Soviética.
Aqui ficam alguns exemplos
Ted BundyAssassinou mais
de 30 mulheres
Foi para descrever Ted Bundy que a expressão serial killer foi inventada. Bundy, um bem-parecido e tímido estudante americano de Direito, perseguiu, espancou, violou, mutilou e assassinou mais de 30 mulheres - o número exacto das suas vítimas permanece um mistério. O seu primeiro ataque confirmado aconteceu em Janeiro de 1974, quando tinha 27 anos e estudava na universidade do estado de Washington: Bundy invadiu o quarto de uma estudante que dormia e atacou-a com uma barra de ferro, deixando-a inconsciente. Depois, molestou-a sexualmente. A rapariga foi encontrada em coma. Até Junho, matou pelo menos mais oito mulheres do estado de Washington. No Outono mudou-se para uma outra universidade no Utah, começando logo por raptar, violar, sodomizar e estrangular a filha de 17 anos do chefe da polícia. Outras vítimas se seguiram até que, em Agosto de 1974, uma jovem que tinha raptado conseguiu fugir. A polícia demorou um ano a encontrá-lo, mas em Agosto de 1975 foi preso e condenado a uma pena de 15 anos de prisão. Em Junho de 1977, quando era transportado para uma audiência judicial para responder por crimes de homicídio no Colorado, conseguiu escapar. Fugiu para a Florida, onde imediatamente matou duas raparigas e atacou outras duas. A 9 de Fevereiro de 1978, fazia a sua última vítima, uma menina de 12 anos. Numa operação stop, foi detido por conduzir um carro roubado, e identificado como o assassino em série evadido da cadeia. Ted Bundy foi condenado à morte e esperou quase uma década pela execução. No corredor da morte, viria a confessar a autoria de uma série de outras mortes pelas quais nunca foi julgado. RitaSiza, Washington
David Berkowitz
"Filho de Sam"
programado para matar
O assassino que ficou conhecido como o "filho de Sam" foi detido por causa de uma multa de estacionamento depois de ter matado pelo menos seis pessoas, ferido dezenas e espalhado o terror em Nova Iorque no final dos anos 70. Confesso satanista, começou os seus ataques no Verão de 1976, baleando duas raparigas que conversavam num carro estacionado no Bronx. Dois meses depois, um casal dentro de um automóvel em Queens também era atingido por tiros. Mais um mês e duas amigas que caminhavam sozinhas em Queens sucumbiam aos tiros. No início de 1977, um outro casal era baleado dentro de um carro - e a sucessão de ataques, bem como o facto de todos envolverem o mesmo tipo de abordagem às vítimas e de serem executados com um revólver do calibre invulgar .44 levava a polícia a denunciar a existência de um assassino em série à solta. O Grupo Ómega, constituído por 300 agentes, foi formado para apanhar o homicida, mas os ataques continuaram. Num dos locais do crime, uma carta endereçada ao capitão do Grupo Ómega oferecia os motivos do atirador: "Eu sou um monstro. Eu sou o Filho de Sam. (...) Sam adora beber sangue. "Vai e mata", ordena Sam. (...) Eu estou programado para matar." A investigação só avançou quando, na sequência de mais um tiroteio, uma mulher avisou a polícia que tinha visto um homem suspeito retirar uma multa de estacionamento de um carro estacionado nas imediações do local do crime. A polícia chegou assim a David Berkowitz, que admitiu todos os crimes. Foi condenado a seis penas de prisão perpétua. R.S.
Albert Fish
Inspirou O Silêncio
dos Inocentes
Quando foi detido pela polícia, em 1935, Albert Fish era um avô de aspecto gentil e inofensivo. Tinha 65 anos e o número de vítimas que perseguiu, raptou, torturou, matou, desmembrou e comeu permanece desconhecido. Pintor da construção civil, deambulou pelos Estados Unidos, gabando-se de ter pelo menos uma vítima em cada um dos 23 estados por onde passou. A sua vítima mais célebre foi a pequena Grace Budd, de 10 anos. Fish conheceu-a quando respondeu a um anúncio para pintar uma casa em Nova Iorque. Acertado o trabalho, convenceu os seus pais a autorizarem que a menina fosse a uma festa infantil na sua casa. Seis anos mais tarde, os Budd receberam uma carta anónima descrevendo com pormenores o que tinha acontecido à menina: Fish escreveu como a estrangulou, desmembrou, cozinhou e comeu. Sado-masoquista e praticante da automutilação, Fish era ainda um canibal que comia a carne e os excrementos das suas vítimas e bebendo o sangue e a urina. O seu julgamento durou dez dias e, apesar de um batalhão de psiquiatras terem testemunhado as suas várias doenças mentais, foi condenado à morte e executado na cadeira eléctrica. Ainda hoje, este assassino em série - que inspirou a famosa personagem de Hannibal Lector do filme O Silêncio dos Inocentes - é um dos homens mais estudados na psicologia criminal. R.S.
Anatoli Onoprienko
Matava para roubar
Em sete anos, Anatoli Onoprienko fuzilou, esfaqueou e esganou 52 pessoas, entre as quais crianças com idades compreendidas entre os três meses e os onze anos. Isto fez com que este maníaco esteja entre os dez serial killers mais cruéis da história. O criminoso recordou com grande precisão cada um dos seus crimes: "Vi uma casa nova, aproximei-me e vi quem dormia onde. Quando todos adormeceram, dei, primeiramente, um tiro no dono e, depois, num rapazinho. A mulher começou a suplicar: "Não dispares!". Eu gritei: "Dá-me dinheiro!", e matei-a com um golpe no pescoço. Levei anéis e brincos de ouro, roupa de criança". Quando o juiz de instrução lhe perguntou: "Porque odeias tanto as pessoas?", Onoprienko respondeu: "Quando era criança, puseram-me num orfanato. Não me queixei, mas fiquei com rancor". A 31 de Agosto de 1999, o Tribunal de Jitomir (Ucrânia) condenou-o à morte por fuzilamento. Porém, devido às pressões do Conselho da Europa, a pena capital foi substituída pela "prisão perpétua". José Milhazes, Moscovo
Guennadi Mikhassevitch
O maníaco de Bitebski
Guennadi Mikhassevitch matou, entre 1971 e 1984, 36 mulheres, doze das quais num ano. Normalmente, apanhava as vítimas na berma das estradas e estrangulava-as com cachecóis ou molhos de erva entrançados. Mikhassevitch parecia levar uma vida normal de pai de família: trabalhava numa oficina de reparações e até fazia parte da "mílicia popular", organização de pessoas que se ofereciam voluntariamente para ajudar a polícia. Enquanto o assassino matava uma mulher atrás de outra, a polícia soviética obrigou, recorrendo a torturas e espancamentos, 14 pessoas a reconhecerem a autoria de crimes que não cometeram: uma foi fuzilada, outra suicidou-se e uma terceira passou dez anos na prisão. Quando Mikhassevitch sentiu que a polícia estava próxima de descobrir o verdadeiro autor do crime, dirigiu às autoridades uma carta anónima onde afirmava que as mulheres eram mortas pelos maridos por infidelidade. E foi através da caligrafia que o criminoso foi descoberto. Os médicos explicaram tal agressividade com o "complexo de inferioridade sexual" e o tribunal condenou-o à morte. J.M.
Andrei Tchikatilo
O "monstro"
de Novotcherkask
Andrei Tchikatilo é, sem dúvida, um dos mais cruéis assassinos em série. Não só pela quantidade de pessoas que matou (mais de 50 mulheres e crianças entre 1982 e 1990), mas pela crueldade com que o fazia: depois de as matar, violava-as e cortava-lhes partes do corpo. A polícia soviética teve grandes dificuldades em descobrir este maníaco sexual, não apenas porque ele actuava com extremo cuidado, mas também por ser fisiologicamente anormal. Em 1982, a polícia encontrou no corpo de uma das vítimas esperma do quarto grupo. Segundo as leis da criminalística clássica, o criminoso deveria ter sangue do mesmo grupo. Em 1984, Tchikatilo foi detido por "comportamento suspeito" e logo libertado, porque as análises de sangue a que foi sujeito mostraram que o sangue era do grupo dois. A justiça soviética condenou uma pessoa inocente à morte, acusada de ter cometido um crime que veio a saber-se depois ser da autoria do "monstro" de Novotcherkask, cidade do Sul da Rússia. Só seis anos depois é que a polícia começou a seguir Tchikatilo, quando notou que ele se interessava muito por rapazes menores. Foi condenado à morte e fuzilado. J.M.