Lentilhas-da-água são capazes de absorver o urânio e reduzir a poluição
Uma equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra descobriu que uma planta conhecida, que costuma encontrar-se junto de água, é capaz de absorver o urânio e reduzir a poluição. A descoberta foi feita em laboratório e agora a equipa quer testar no terreno a eficácia da planta.A planta em causa é a Callitriche stagnalis, conhecida pelos nomes comuns de lentilha-da-água ou morrugem-de-água. No âmbito de um projecto de investigação sobre a descontaminação de escorrências mineiras por plantas hipercumuladoras, os investigadores descobriram que esta planta consegue reduzir para metade a contaminação de urânio na água logo nas primeiras 24 horas.
Por ser bastante comum, a Callitriche stagnalis poderá descontaminar as águas de uma forma rápida e barata.
A investigação, coordenada por João Pratas, decorreu nos últimos dois anos. Recolheu-se a planta na zona de Coimbra, nomeadamente em Vila Nova de Poiares. A zona Centro do país é, aliás, a mais afectada por este tipo de contaminação, uma vez que ali foram exploradas, durante décadas, cerca de 60 minas de urânio, nos distritos de Coimbra, Guarda, Viseu e Castelo Branco, refere a agência Lusa.
Formado em Engenharia de Minas, João Pratas tem feito investigação na área da geoquímica biológica. Desta vez, a sua equipa criou no laboratório um ribeiro artificial, em torno do qual pôs as plantas. Depois, contaminou a água do ribeiro com urânio. Análises químicas e de toxicidades demonstraram, 24 horas depois, que a concentração de urânio tinha diminuído de 500 microgramas por litro para 220 microgramas. Nas plantas, o urânio aumentou bastante.
Agora, a equipa quer testar no terreno estas conclusões: a partir de Setembro, irá usar a Callitriche stagnalis em locais contaminados. "É um método de baixo custo, que não causa impacte ambiental. É só massificar a cultura da planta", diz João Pratas. I.G.S.