Câmara de Aveiro trava demolição da sede do PCP
Recusado projecto para o espaço da vivenda com interesse arquitectónico, situada na Avenida do Dr. Lourenço Peixinho
Mais do que congratular-se com o facto de não ter que mudar de casa, o Partido Comunista Português (PCP) de Aveiro aplaude a decisão da câmara municipal de rejeitar a demolição da vivenda histórica onde se encontra sediado por esta tomada de posição se revelar "exemplar". Na última reunião camarária, o executivo liderado por Élio Maia indeferiu um processo de obras que obrigaria à demolição da antiga residência da família Aleluia, proprietária da fábrica com o mesmo nome, e que, desde finais de 1974, serve de sede ao PCP de Aveiro. A autarquia optou por ir ao encontro de um parecer do Ippar (Instituto Português do Património Arquitectónico) que reconhecia o interesse arquitectónico da moradia situada na principal artéria da cidade, cuja construção data da década de 30 do século passado, e rejeitou, por unanimidade, o pedido de viabilidade para um novo edifício com cinco andares. O Partido Comunista, que ali viveu "o Verão Quente de 1975", como recorda o dirigente local António Salavessa, espera que a autarquia siga o mesmo caminho em relação a outros imóveis de interesse arquitectónico que "é preciso preservar". "Era bom que fosse uma decisão exemplar", argumenta Salavessa, ao mesmo tempo que alerta para a necessidade de a preocupação com o património ser alargada a outros imóveis.
Relativamente ao caso concreto da casa que alberga a sua sede, o PCP diz que o seu valor é incontestável, em grande medida devido ao facto de, "quer no seu interior, quer no exterior, ter painéis de azulejos da Fábrica Aleluia", destaca o dirigente partidário. Antes de servir de casa para o PCP de Aveiro, aquela que havia sido a moradia da família Aleluia estava devoluta, recorda Salavessa, e acabou por ser alvo de uma grande intervenção de recuperação por iniciativa dos comunistas. "Só depois das obras feitas é que o senhorio suportou o custo da empreitada", relata ainda aquele elemento da estrutura local dos comunistas.