Frente Nacional: dirigente Mário Machado diz-se "preso político" de um "Estado opressor"
Mário Machado prestou declarações aos jornalistas a partir do interior de uma carrinha celular que o transportou até ao TIC, onde chegou cerca das 10h00 e está a ser ouvido.
"Passaram 32 anos sobre o 25 de Abril e voltaram a haver presos políticos", disse Mário Machado, dirigente da organização de extrema-direita Frente Nacional e membro de um grupo neonazi. "O meu único crime é ser nacionalista num Estado opressor socialista", dirigido por um "Governo fantoche nas mãos de accionistas", afirmou.
Mário Machado surgiu ontem numa reportagem da RTP na qual fazia a apologia dos ideais de extrema-direita e ostentava uma espingarda caçadeira semi-automática de oito tiros, que alegou ser legal. Na mesma reportagem, o dirigente da Frente Nacional afirmou que vários outros simpatizantes da ideologia possuem o mesmo tipo de armamento e que estão preparados para "tomar de assalto as ruas se for preciso".
Na tarde de terça-feira, a PSP apreendeu na casa do líder da Frente Nacional a caçadeira (que disse estar ilegal), um revólver irregular, uma besta e um aparelho de choques eléctricos, além de diversas munições, tudo proibido.
Mário Machado disse que, entre todo este material, "a única ilegal era o revólver" e que comprou em estabelecimentos comerciais a besta a o aparelho de choques.
"O que foi apreendido [em minha casa] foi todo o material de extrema-direita, pins, bandeiras e anéis", disse Mário Machado de dentro da carrinha celular.
À porta do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa estiveram ao longo da manhã sete dos amigos de Mário Machado em solidariedade para o com o dirigente da Frente Nacional.
Mário Machado é dirigente da Frente Nacional, um movimento que apoia o Partido Nacional Renovador e foi o organizador de manifestações recentes em Lisboa contra a criminalidade alegadamente desencadeada por imigrantes e em Vila de Rei contra a instalação de cidadãos brasileiros no concelho.
Segurança de profissão, Mário Machado foi condenado em 1997 a uma pena de prisão de quatro anos e 3 meses por envolvimento na morte de Alcino Monteiro - crime de 1995, no Bairro Alto, que levou à condenação de 15 cabeças-rapadas.
Mário Machado está actualmente a ser julgado no Tribunal da Boa-Hora, Lisboa, por extorsão, dois crimes de sequestro e posse ilegal de armas.