Projecto de urbanismo comercial pode transformar Alta de Coimbra
Esta é uma das conclusões do Estudo Global da Alta de Coimbra, realizado no âmbito do Projecto de Urbanismo Comercial daquela zona que, apontam os autores, deverá assumir-se como uma zona de lazer e cultura. A estratégia a seguir é hoje apresentada, numa cerimónia que constitui mais um passo para o acesso a fundos que permitam tornar a Alta de Coimbra mais atractiva.
Exigido pelo próprio programa de incentivos a projectos de urbanismo comercial (Urbcom) - a que se irão candidatar, até Setembro, a câmara municipal, a Associação Comercial e Industrial e os próprios comerciantes -, o Estudo Global da Alta de Coimbra, que hoje é apresentado, traça o diagnóstico de uma zona que actualmente não é especialmente atractiva.
No espaço com maior densidade comercial (constituído pela Rua do Quebra-Costas, Arco de Almedina, Largo da Sé Velha, Rua de Fernandes Tomás, Rua de Joaquim António de Aguiar e Rua do Cabido) existem apenas 41 estabelecimentos comerciais, em sectores pouco diversificados e na sua maioria muito antigos e de pequena dimensão. Um cenário que, apontam os autores do estudo, está relacionado com as características da zona em causa.
No documento, são apontados como pontos fortes da zona a centralidade e a proximidade daquela área quer à Universidade quer a um dos principais eixos comerciais de Coimbra, a Baixa. O património histórico e cultural e o consequente potencial turístico da Alta são outras das vantagens de um espaço que, contudo, tem a seu desfavor outros aspectos. Entre estes estão a degradação dos edifícios, a falta de estacionamento para não residentes e a própria morfologia da zona, que cria obstáculos à circulação pedonal e constitui uma das causas da falta de oferta de transportes públicos, outro problema relevante (ver caixa).
Para além disto, o facto de a iluminação ser insuficiente e a falta de policiamento contribuem, na perspectiva dos autores do estudo, para que aquela zona seja considerada perigosa, o que se reflecte na desertificação das ruas a partir do fim da tarde. A estas características da zona de intervenção junta-se aquilo que é designado por "ameaças", de entre as quais se destaca a concorrência de outras áreas comerciais onde aqueles problemas não se verificam.
A estratégia apontada para inverter esta situação passa, de acordo com o estudo, por agarrar as oportunidades oferecidas pela renovação do edificado (que está a ser promovida pela câmara), pelo consequente incremento do turismo e pelo crescimento da população residente que, ao contrário do que acontecia há alguns anos, se caracteriza por um maior poder de compra.
A criação de condições para que tal aconteça exige, segundo indica o estudo, a intervenção no espaço público - nomeadamente a requalificação de largos e praças e a instalação, naqueles locais de mobiliário urbano; a alteração do tipo de pavimento de modo a facilitar a circulação e deambulação das pessoas; o reforço da iluminação pública e a melhoria da sinalética. Estas medidas terão de ser acompanhadas do desenvolvimento do sector comercial que, de acordo com os autores, não deverá constar apenas da modernização dos estabelecimentos já existentes, mas também na aposta na cultura e o lazer. Áreas que, tendo como públicos alvo os novos residentes (ligados à universidade), os estudantes e os turistas, seriam atractivas para a população de outras zonas da cidade, defendem.
Alargar o universo de consumidores exigirá ainda, de acordo com a estratégia apresentada, uma campanha de promoção da zona que passará não só pela publicidade mas também pela organização de eventos que contribuam para fortalecer a imagem da Alta como uma zona de cultura.
Um dos objectivos estratégicos apontados no Estudo Global da Alta de Coimbra é a melhoria de acessibilidade àquela zona. Os autores sugerem o alargamento da rede do chamado Pantufinhas - um transporte público de pequena dimensão que circula sem paragens definidas. Em concreto defendem a sua extensão a parques de estacionamento, à Praça da República e à Estação Nova. Uma medida que, afirmam, deveria ser complementada com incentivos à utilização daquele meio de transporte por visitantes externos, garantindo a circulação gratuita a utentes de parques de estacionamento tarifados e a quem tenha utilizado outra carreira urbana, por exemplo.