Nascida em 1918, era uma das mais apreciadas autoras britânicas.
Deixou obras como "Miss Jean Brodie Na Flor da Idade"

A escritora escocesa Muriel Spark morreu quinta-feira, na Toscânia, Itália, onde vivia. Tinha 88 anos, escreveu mais de vinte livros e ganhou inúmeros prémios literários. Era uma das mais consideradas escritoras britânicas. Um dos seus livros mais conhecidos era o clássico The Prime Of Miss Jean Brodie, que na tradução portuguesa recebeu o título Miss Jean Brodie Na Flor da Idade (Editorial Presença, 1988). Além de ficção, escreveu poesia e estudos de critica literária sobre escritoras como Emily Brontë ou Mary Shelley. Foi o Presidente da Câmara da vila de Civitella Della Chiana, onde vivia há trinta anos, que confirmou a morte da escritora no hospital.
Muriel Spark publicou livros ao longo de mais de cinquenta anos. A sua primeira novela, The Comforters, foi publicada em 1957, mas foi Miss Jean Brodie Na Flor da Idade, livro lançado cinco anos depois, que chamou a atenção da crítica e dos leitores. Passada nos anos 30, numa escola de raparigas de Edimburgo, Escócia, é uma novela muito autobiográfica, evocando a sua adolescência. É centrada na figura da Senhora Brodie que insiste, contra as normas da época e da austera escola, em oferecer ao grupo de alunas, que a adora, a sua visão particular do mundo, partilhando as suas visões liberais sobre arte, amor, sexo, política ou a admiração por Anna Pavlova.
O livro viria a granjear-lhe notoriedade, tendo sido adaptado para teatro e cinema - nomeadamente um filme dirigido por Ronald Neame e protagonizado por Maggie Smith, que viria a ganhar o Óscar para Melhor Actriz em 1969.
De nome completo Muriel Sarah Camberg, a escritora nasceu em Edimburgo, a 1 de Fevereiro de 1918, filha única de pai judeu e mãe anglicana. Foi educada numa escola de raparigas, antes de casar, em 1938, rumar à Africa do Sul e regressar a Londres, onde produziu propaganda política nos serviços de inteligência na Segunda Guerra Mundial. Começou a escrever depois do final da guerra, tendo começado com poesia e critica literária. Em 1947 tornou-se editora da revista Poetry Review. No final dos anos 60 mudou-se, por um curto período de tempo, para Nova Iorque, antes de rumar definitivamente para Itália, onde continuou a escrever.
O seu último livro, The Finishing School, tornou-se um best-seller quando foi publicado há dois anos. Em 1993 foi agraciada com o "Dame Commander Of The Order Of The British Empire", em sinal de reconhecimento pelos serviços literários e o ano passado foi distinguida com o título de cidadã honorária pela vila de Civitella Della Chiana. Entre os muitos galardões literários que amealhou, destaque para um Prémio TS Eliot em 1992 e para um Prémio de Literatura Britânica em 1997. O ano passado, o The Scottish Arts Council criou o Muriel Spark Internacional Fellowship com a canadiana Margaret Atwood a ganhar o prémio inaugural.
Para além de Miss Jean Brodie Na Flor da Idade encontram-se traduzidas em português obras como A Porta de Mandelbaum (Dêaga, 1972), Um Grito de Longe (Presença, 1990) ou A Imagem Pública (Europa-América, 1993).