João Almeida candidata-se à liderança do CDS
Decisão saiu do conselho nacional da Juventude Popular, suscitando algumas vozes de discórdia que sugerem ao líder que abandone a "jota"
O líder da Juventude Popular (JP), João Almeida, anunciou que vai encabeçar uma moção alternativa à do presidente do CDS para ir a votos no XXI Congresso Nacional, disputando a liderança do partido a Ribeiro e Castro. A decisão foi aprovada por "75 por cento" dos conselheiros nacionais da JP, com um voto contra e "12 abstenções", na reunião do conselho nacional que se realizou quinta-feira à noite, em Aveiro. João Almeida garantiu que avança com o apoio de "vários sectores do partido, muitos militantes, distritais e concelhias", mas, no seio da JP, há já várias vozes que alertam para o facto de esta proposta "poder criar mais divisão no partido" e "um problema institucional". E, por isso, aconselham João Almeida a demitir-se da liderança da JP.
O regulamento do congresso, que se realiza a 6 e 7 de Maio, determina que quem entregue uma moção de estratégia apresente também uma candidatura à liderança. Uma vez que a JP é uma organização autónoma do partido, o regulamento dispensa-a de apresentar, juntamente com a moção, uma candidatura à liderança. No entanto, a maioria dos elementos do conselho nacional da JP entendeu que esta fórmula - apresentar uma moção sem candidato e que não pode ser votada em alternativa à do líder - poderia minimizar o documento da "jota".
"Aceitei encabeçar uma moção de estratégia e cumprir um requisito estatutário, em nome de um grupo geracional de pessoas que querem apresentar ao partido ideias alternativas", afirmou João Almeida. "Não nos candidatamos contra o dr. Ribeiro e Castro, mas temos ideias alternativas às do dr. Ribeiro e Castro e queremos discuti-las no congresso", declarou ainda, frisando que, ao aceitar encabeçar a moção de estratégia, aceitará "todas as consequências".
Segundo adiantou o líder da JP, a ideia de apresentar uma moção "não institucional" mas uma moção de estratégia "para ir a votos" tem o apoio de "vários sectores do partido, muitos militantes, distritais e concelhias".
No entanto, e segundo declarou Diogo Campos, conselheiro nacional da JP e líder da JP-Aveiro, a decisão não foi consensual, dado que "vários elementos discordaram do facto de a moção ter acoplada uma candidatura". "Não faz sentido apresentar um candidatura alternativa e criar uma divisão entre a JP e o partido", comentou Diogo Campos. Outra das vozes discordantes é a de Filipe Almeida Santos que chega mesmo ao ponto de aconselhar João Almeida a demitir-se da "jota". "Julgo que, se ele quer ser candidato a presidente do partido, a melhor coisa que tinha a fazer era demitir-se", declarou ao PÚBLICO. Convicto de que esta proposta cria "um conflito institucional entre a JP e o partido", Almeida Santos levanta dúvidas sobre o verdadeiro propósito desta candidatura: "Não sei se será só uma ambição pessoal dele [João Almeida] ou se haverá alguém por detrás disto." E considera que o resultado da votação não reflecte o verdadeiro sentido de voto de todo o conselho nacional, uma vez que "as votações foram feitas às quatro da madrugada, numa altura em que várias pessoas já tinham abandonado a sala".
Líder "sem carisma"O vice-presidente da mesa do conselho nacional do CDS Paulo Miranda formaliza segunda-feira a sua candidatura à presidência do partido, para afastar a liderança "muito fraca e sem carisma" de Ribeiro e Castro.
"O CDS precisa de um líder que saiba dialogar com todos, que tenha uma mão forte e que esteja presente na vida do partido", afirmou à Lusa. Paulo Miranda acusou ainda o actual líder de "não saber gerir homens" e de ter "uma atitude pouco dialogante com o grupo parlamentar e com os militantes de base", o que "fragiliza a capacidade de intervenção política do partido". Com Lusa