A saber: que Neil Diamond, despido a guitarra e Hammond, secção de cordas e metais, pode ser um interessante singer-songwriter da digna linhagem norte-americana – afinal, "Solitary man", uma das suas canções mais antigas, não era só cenário. "12 Songs" é o álbum de um compositor, criado na tradição de escrita compulsiva do Brill Building, emancipado e dono de uma voz personalizada. Introspectivo e com a gravidade granulada da sua voz, canta com o peso de uma vida bem preenchida. Anda a vaguear pelos espaços em que a folk não é folk e a pop não é pop, exacerba romantismo pelo bom gosto das orquestrações e até brinca com a soul e o jazz em "I'm on to you". Quando chama Brian Wilson para fazer coro em "Delirious love", acompanhamos os a"la la las" com palmas, dançamos com os veteranos rejuvenescidos e anunciamos: Nasceu um talento. Chama-se Neil Diamond e parece que anda nisto desde 1965.