Naval 1.º de Maio
diz-se detentora
dos direitos sobre
o jogador

A transferência de Pedro Marques para o Real Madrid está nas mãos do departamento jurídico da Académica, que não concorda com o montante que os "merengues" estão dispostos a pagar pelo júnior que actualmente se encontra ao serviço da Naval 1.º de Maio. No entanto, ao mesmo tempo que surge este diferendo entre a Briosa e o Real Madrid, o clube da Figueira da Foz também reclama a totalidade dos direitos sobre o jogador.No passado dia 30 de Março, na véspera de completar 18 anos, o médio ofensivo Pedro Marques assinou um contrato de formação com o Real Madrid, prevendo-se a sua ida para a capital espanhola no próximo mês de Julho, ao que tudo indica para ser integrado na equipa B. Pedro Marques começou a carreira futebolística muito cedo, nas Escolinhas da Naval 1.º de Maio. A seguir transferiu-se para o Sporting, onde fez uma época de escolinhas e as temporadas de infantis e iniciados, tendo-se sagrado, nesta última categoria, campeão nacional e distrital.
A seguir foi para a Académica, onde alinhou no escalão juvenil. Findo este período, os pais do atleta confrontaram o clube de Coimbra com uma proposta da União da Madeira. Porém, conforme recorda António José Figueiredo, coordenador da formação na Académica, o clube de Coimbra continuava interessado no jogador e exigiu ser ressarcido pela formação de Pedro Marques. "Só que o União da Madeira não quis pagar o montante."
Gerou-se então um impasse de algumas semanas em que Pedro Marques chegou a treinar na Madeira. Como a questão não se resolvia, decidiu regressar a Coimbra, mas nessa altura "já a equipa de juniores estava formada". Procurou-se então uma alternativa: "Vais para a Naval no primeiro ano de júnior com a condição de que no segundo ano voltas para a Académica", conta António José Figueiredo, que assegura existir um compromisso escrito entre a Académica e a Naval neste sentido.
Recentemente, ainda conforme este responsável, o Real Madrid apresentou uma primeira proposta à Académica, por fax assinado por Ramon Martinez, no valor de 10.000 euros, que os "estudantes" recusaram. "O Real Madrid apresentou então uma segunda proposta de 12.000 euros [também por fax] que a Académica voltou a recusar", conta António José Figueiredo, argumentando ainda que, entre dois clubes da liga portuguesa, a "recompensa neste casos é de 15.000 euros". Como os madrilenos nem sequer atingiram este montante, o coordenador da formação adianta que "o assunto já está entregue ao departamento jurídico".
Na Figueira da Foz, Joaquim Parente, responsável pelo futebol jovem da Naval, tem uma interpretação diferente, apesar de admitir que, pelo menos para já, o seu clube ainda não foi contactado pelo Real Madrid. "A carta é indiscutivelmente da Naval e, por isso, o certificado internacional só lhe é dado pela Naval", assegura. Joaquim Parente baseia a sua posição na existência de uma cláusula no compromisso celebrado entre a Académica e a Naval, que diz que Pedro Marques só regressa a Coimbra "desde que seja esse o interesse do atleta". Por seu turno, os responsáveis da Académica mantêm que o Real Madrid tem que negociar com eles, mesmo quando confrontados com a existência desta cláusula.

Futuro "muito auspicioso"Contendas entre clubes à parte, o treinador dos juniores da Naval, Jorge Silva "Paganini", destaca o potencial de Pedro Marques. "Acima de tudo, vejo um futuro muito auspicioso." Para este técnico, este jovem de 18 anos só precisa de continuar a trabalhar como até aqui e sem perder a humildade. "Já se viu grandes talentos perderem-se, mas pendo que, se ele continuar a ter formação, pode ir muito longe. Tem condições para isso e uma vontade muito grande de triunfar no futebol. Ele não pode embandeirar em arco. Se continuar a ter cabeça como teve este ano, tem muitas condições para ir longe."
O PÚBLICO tentou falar com Pedro Marques, mas este não quis prestar declarações, uma vez que o seu empresário Pedro Romão (que se manteve incontactável) lhe deu instruções nesse sentido, a ele e aos seus pais. Apesar da carreira de sucesso no futebol, Pedro Marques não esqueceu os estudos, sendo nesta altura aluno do 12º ano da área científico-natural. O atleta ainda não decidiu se vai continuar os estudos em Espanha, uma vez que, apesar de não descartar totalmente essa hipótese, será o futebol a ter prioridade. Outro aspecto que está por decidir na vida de Pedro Marques é se os seus pais irão também para a capital espanhola ou se permanecem na Figueira da Foz.