Sara Tavares promete embalar o Maria Matos
Cantora apresenta hoje em Lisboa o seu disco mais recente, Balancê
Sara Tavares sobe hoje ao palco do renovado Teatro Maria Matos, em Lisboa, para apresentar o seu terceiro trabalho, Balancê, editado no final de 2005 e já interpretado numa série de concertos pela Europa. A cantora descendente de cabo-verdianos caracteriza o disco como um conjunto de "canções de embalar para gente grande". Balancê nasceu de um trabalho de mais de cinco anos, em que a compositora remexeu no baú das memórias e escreveu treze músicas cheias dos ritmos de África.
As influências de Cabo Verde, apesar de também estarem presentes nas letras que compôs, sentem-se mais na música e nos sons do que as acompanham. "É muito inspirado na minha identidade multicultural", diz Sara Tavares, explicando que as letras são cantadas em crioulo, português e também em calão das duas línguas, uma forma de expressar a sua "identidade dúbia".
"Neste momento da minha vida, era importante [o álbum] ser íntimo." E a cantora realça a importância do trabalho de produção e composição de Balancê. "Este é o disco da Sara, é uma identidade minha, própria", caracteriza assim o seu terceiro registo discográfico, evitando os rótulos, quanto a ser música do mundo, portuguesa ou cabo-verdiana - "é uma música que não cabe em prateleiras, nem em classificações redutoras".
Balancê conta com a participação de "amigos" como Melo D (ex-vocalista dos Cool Hipnoise), a fadista Ana Moura ou Mário Lúcio de Sousa (dos Simentera).
Sara Tavares tornou-se conhecida em 1994, quando venceu o concurso televisivo Chuva de Estrelas, interpretando uma canção de Whitney Houston. O seu primeiro disco, Sara Tavares & Shout gravou-o dois anos depois, com uma sonoridade gospel bastante diferente da música quase étnica que cria agora.
Apesar de o concerto de hoje no Maria Matos ser de apresentação de Balancê em Portugal, a cantora viajará também pela sua discografia. Fá-lo agora, no regresso à sua cidade, após mais de uma dezena de espectáculos na Bélgica, Suíça, Holanda e Inglaterra, "que fizeram o álbum crescer".