Lula da Silva deverá afastar Palocci por causa do "caso Francenildo"
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciará entre hoje e amanhã o afastamento do ministro da Economia, Antonio Palocci, na sequência do "caso Francenildo" - em referência ao nome da testemunha que, numa comissão parlamentar de inquérito, declarou ter visto o mentor das bem sucedidas reformas económicas do Brasil a frequentar uma casa onde, alegadamente, o Partido dos Trabalhadores (PT) organizava festas com prostitutas e preparava os pagamentos de mesadas a deputados de outros partidos em troca de apoio no Congresso às propostas do Governo.E Lula não se quedará por aqui: a Folha Online diz que Palocci não será o único a quem a porta de saída vai ser mostrada. A fazer-lhe companhia estará o presidente da Caixa Económica Federal, Jorge Mattoso (também do PT), dirigente da instituição bancária que violou ilicitamente o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa numa tentativa de o desacreditar. Jorge Matoso, aliás, prestará depoimento sobre o caso hoje à tarde na Polícia Federal.
A crise que o Executivo de Lula agora enfrenta, e que lhe está a custar pontos na popularidade ganha nos últimos meses com o amainar do escândalo do "mensalão", deve-se muito mais à quebra do direito constitucional daquela testemunha do que propriamente ao facto de o ministro da Economia ter frequentado a mansão alugada em Brasília pela "República de Ribeirão Preto" (grupo de assessores que Palocci teve enquanto presidente da Câmara daquela cidade do Estado de São Paulo).
Segundo a Folha Online alguns dos auxiliares mais próximos do Presidente defendem até que não basta afastar Palocci e Mattoso. Querem que Lula faça uma declaração formal e pública de repúdio claro à quebra ilegal do sigilo bancário.
A ideia é distanciar o Governo o mais possível daquela violação flagrante de um direito constitucional e pôr termo ao desgaste da imagem de Lula da Silva - que vai oferecendo de bandeja munições à oposição - a tão poucos meses do início da campanha para as eleições presidenciais de Outubro próximo. Dulce Furtado