VHS E BETA A guerra das fitas durou uma década
Ao fim de quase dez anos de insistência, a Sony assumiu a derrota das suas cassetes Beta e adoptou o VHS, que viria a ser dominante até ao aparecimento do DVD.
A luta entre as cassetes Betamax (ou, simplesmente, Beta) e VHS durou cerca de uma década e é considerada a primeira das guerras entre dois formatos tecnológicos concorrentes. No fim, a Sony acabou por assumir a derrota das suas cassetes Beta e adoptou o VHS, um sistema que viria a ser dominante até ao aparecimento do DVD.Os primeiros vídeos domésticos para Betamax surgiram em 1975, apenas um ano antes de a Victor Company of Japan lançar o VHS, sigla que inicialmente se devia a Vertical Helical Scan (uma especificação técnica do sistema de gravação), mas que mais tarde viria a ser alterada para Video Home System, numa estratégia que visava tornar o produto mais apelativo para o público.
O aparecimento dos dois sistemas dividiu tanto consumidores como fabricantes. O objectivo do presidente da Sony ao lançar as cassetes Beta era comercializar um dispositivo de armazenamento de imagens tão pequeno que coubesse no bolso de um casaco. Acabou por ser esse o calcanhar de Aquiles do formato, pois impediu que as cassetes acompanhassem a crescente capacidade de gravação das VHS.
A Betamax original da Sony conseguia suportar apenas uma hora de imagens, enquanto as primeiras cassetes VHS chegavam às duas horas. As tentativas constantes de aumentar o tempo de gravação continuaram ao longo de toda a disputa. Por volta de 1985, quando já se avizinhava o fim das cassetes Beta, o formato VHS tinha definitivamente ganho a batalha: permitia oito horas de gravação, um número muito acima das três horas e quinze minutos das cassetes da Sony. Este factor, consideram os analistas, acabou por ser decisivo no triunfo do VHS, mas não foi o único elemento a pesar na escolha dos consumidores.
Um dos trunfos das Betamax era a melhor qualidade de imagem (o formato da Sony é tido como tecnicamente superior), mas esta estava demasiado dependente das características do vídeo e da televisão para poder ser apreciada pela maioria dos consumidores e não se revelou atractiva o suficiente para conquistar o mercado.
As cassetes da Sony tiveram em 1984 o seu melhor ano, com um domínio de 25 por cento do mercado global. O fenómeno deveu-se em grande parte, ao facto de, no ano anterior, ter sido lançada a primeira máquina de filmar para uso doméstico, que usava o formato Beta. O declínio deste sistema, contudo, acabaria por surgiu logo nos anos seguintes.
Em 1985 o VHS entra em força no mercado do aluguer de aparelhos de vídeo e de filmes. Na década de 80, a tecnologia era cara e nem todos estavam dispostos a pagar por um vídeo para poderem ver filmes em casa. Nessa altura, os vídeos com VHS conquistam 70 por cento do mercado e, consequentemente, as cassetes neste formato passam a ocupar cada vez mais espaço nas prateleiras das lojas de aluguer de filmes.
Os vídeos para Betamax eram sobretudo comprados por quem estava disposto a investir para ter uma maior qualidade. As tentativas da Sony de massificar a sua tecnologia já vieram tarde e em 1988 a empresa admite finalmente a derrota, passando a fabricar vídeos para o formato VHS.
O Betamax ainda se arrastou até ao século XXI, mantido por um nicho de utilizadores. O último aparelho com suporte para cassetes Beta foi fabricado em 2002, no Japão.